28.4.11

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Black Joe Lewis & The Honey Bears - Scandalous (2011)

Em meio ao rock, indie e eletrônico de nomes hypados como Chemical Brothers, Strokes e Arcade Fire, coube a Black Joe Lewis & The Honey Bears fincar a bandeira funk-soul esse ano no Coachella. Mesmo num palco menor, a apresentação do guitarrista americano de 29 anos acompanhado da banda de formação rock e retaguarda incendiária de metais atraiu bom público e foi destaque num dos mais influentes festivais de música do mundo. Fã de blueseiros clássicos como Lightnin’Hopkins e Elmore James, Joe Lewis faz um funk-rock cheio de groove com guitarras a todo vapor com toques de James Brown, Bo Didley, Lenny Kravitz e Ben Harper. Entre os críticos, vem sendo comparado à revelação Sharon Jones ou a ‘shouters’ famosos como Wilson Picktett e Howling Wolf. O certo é que pela recepção no Coachella tem tudo para se firmar como revelação em 2011. O recém-lançado ‘Scandalous’ é seu terceiro álbum. Rock retrô com metais na medida certa para curtir no carro, viajar na bike ou se esbaldar na noitada.



The Liberators (2011) 

A bateria estilo Tony Allen está lá, assim como a linha de baixo encorpada, a guitarra marcando o ritmo e as improvisações nos metais. A onda black com pitada afrobeat-jazz-psicodélico que vem varrendo a cena de Nova York (Daktaris, Budos Band e Kokolo), de Los Angeles (Connie Price e Orgone) e de Londres (Heliocentrics e New Mastersounds), chega agora do outro lado do mundo com a big band de Sydney The Liberators. Comandada pelo guitarrista da excelente Dojo Cuts, Nathan Aust, o grupo acaba de lançar seu álbum de estreia com participações especialíssimas que vão do ganês Afro Moses ao lendário Jojo Kuo, percussionista que tocou com Fela Kuti. Desse caldeirão vem uma sonzeira funky-jazz com ataques invocados de trombone e percussão. Uma das estreias mais promissoras dos últimos anos. Se aprovou, dá um check no também australiano Dojo Cuts com petardos funkeados de classe. Ya dig?

Putumayo – From Mali to Memphis (1999) 

Primeiro ele descobriu que podia ganhar dinheiro vendendo bolsas, tecidos e artesanatos que comprava barato em viagens pela América do Sul. Criou então a Putumayo, em Los Angeles, isso em meados dos anos 90. Mas por incrível que pareça o que conquistou de vez os clientes americanos foram as músicas que tocavam na loja. Cansado da trilha rock que tocava por lá no início, o empresário com antecedente bicho-grilo Dan Storper decidiu ele mesmo fazer sua seleção. E aí sim a Putumayo ficou famosa. 

Em 1997, Storper viu que a pequena gravadora especializada em lançar CDs com os sons da loja já era mais rentável que vender artesanatos e acabou se desfazendo do negócio, mas não do nome. Hoje, a Putumayo tem mais de 100 lançamentos, distribuição em todo mundo e não vende menos do que 100 mil unidades por título com seleções impecáveis de sons de todos os cantos do planeta passeando pela música  israelita, turca, grega, francesa, celta, jamaicana, mexicana e claro pela nossa MPB.

Como o objetivo de Storper sempre foi abrir fronteiras, a Putumayo vem se destacado também nos últimos anos com álbuns temáticos. Nasceram assim o ‘asian groove’, ‘músicas de vinícolas’, coletâneas lounge, kids... e esse ‘From Mali to Memphis’ numa ponte black EUA-África juntando nomes como Muddy Waters e John Lee Hooker a Baba Djan e Habi Koité. Irmãos de sangue, os blueseiros dos dois países têm muito em comum. Só ouvir o guitarrista Ali Farka Touré e seus solos de Bamako com cara de Chicago.

Dizem que Mali é a futura Cuba da música.  De fato, não é qualquer país que pode se orgulhar de ter mestres como Bouabacar Traoré, Amadou e Marian, Salif Keita... a lista é longa e esse CD só um aperitivo. Se quiser ir mais fundo pode buscar na própria Putumayo o álbum dedicado ao Mali totalmente roots com os tuaregs do Tinariwen até revelações como Mamou Sidibé.

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