8.9.11

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The Complete Lester Young Studio Sessions on Verve (1946 - 1959) + The Complete Billie Holiday and Lester Young (1937-1946)

Primeiro a chamar Billie Holiday de ‘Lady Day’, o saxofonista Lester Young ganhou da maior diva black do jazz um apelido à altura: President, ou, simplesmente, Pres. Quem já viu os dois em ação no superclássico ‘The sound of jazz’, exibido pela CBS dos EUA, em 1957, sabe que a dobradinha é talvez o melhor casamento entre sax e voz na história da música. O clima de cumplicidade e intimidade no palco é imbatível. Na banda brilham ainda Coleman Hawkins e Gerry Mulligan. Dá para ser mais cool?


Nascido no Mississipi, em 1909, e criado nos arredores de New Orleans, Lester Young foi um dos responsáveis por consolidar o sax como instrumento central numa jazz band nos 30 e 40. Depois viriam novas revoluções com Charlie Parker e John Coltrane, mas definitivamente Billie Holiday acertou em cheio na homenagem: Pres foi um gigante, liderou a passagem do bebop para o cool e gravou álbuns antológicos.

As sessões para a caixa da Verve são todas da sua fase posterior à Segunda Guerra Mundial. Para muitos críticos, um momento complicado em que os horrores do front prejudicaram seu desempenho como músico; outros acreditam que Pres esquecia tudo na hora do palco. Pela qualidade das gravações e intensidade dos solos, fico com a segunda opção. São oito discos, mais de 60 músicas e muitas parcerias históricas com Oscar Peterson, Buddy Rich e Roy Eldridge.

Veja abaixo outro clássico de Lester Young em vídeo: o curta ‘Jammin the Blues’, de 1944, dirigido pelo famoso fotógrafo Gjon Mili, que viraria referência ao revolucionar as gravações de shows e é uma espécie de avô dos videoclipes. 


K. Frimpong & His Cubano Fiestas (1976-1977)

O nome do malinês Ali Farka Touré é quase uma unanimidade quando saem listas dos melhores guitarristas africanos. Mas os relançamentos desses dois discos dos anos 70 podem equilibrar a votação para o ganês Alhaji K. Frimpong, morto em 2005. Até janeiro deste ano, ‘K. Frimpong & His Cubano Fiestas’ (álbuns homônimos de 1976 e 1977, o primeiro conhecido também como ‘Blue álbum’) só eram encontrados a peso de ouro nas mãos de colecionadores. A outra opção era ouvir as músicas de Frimpong em coletâneas como ‘Ghana Soundz’, da  Soundway, e ‘Strut’s Afro Rock’, da Strut, ambas gravadoras especializada em localizar pérolas da música africana. Mas, convenhamos, ficava um gostinho de quero mais.

Coube à gravadora de Minneapolis, Secret Stash, relançar os dois discos em vinil, em edição limitada, dando aos fãs a chance de ouvir com calma e qualidade o high-life com tintas de jazz desse guitarrista de solos funkeados e voz límpida e cheia de groove. Aliás, justiça seja feita, os metais dos Cubanos também incendeiam, com muita influência do funk de James Brown e Wilson Pickett. Veja abaixo o fundador da Secret Stash, Eric Foss, falando sobre impacto ao ouvir o disco pela primeira vez e como foi o caminho até o relançamento. 


Tom Waits - Rain Dogs (1985) 

Clássico dos anos 80, ‘Rain Dogs’ poderia facilmente ser trilha de cinema. Músicas como ‘Downtown train’, ‘Singapore’ e ‘Clap Hands’ são a cara (e a imagem) do seu criador, meio compositor, meio ator, entre com um jeito de Captain Beefheart, Frank Zappa, Howlin' Wolf e Jack Kerouac. Segundo álbum de uma trilogia iniciada por ‘Swordfishtrombones’, em 1983, e fechada quatro anos depois por ‘Franks Wild Years’, ‘Rain Dogs’, lançado em 1985, distancia para sempre o figuraço Tom Waits do que ele classifica como sua fase ‘pseudo-jazz-lounge’ dos anos 70. 

O disco mais vendido entre os 25 da discografia de Waits marca uma virada na carreira rumo a um mundo underground, de personagens estranhos, percussão carregada e suja, cheia de buzinas, ruídos, acordeões, banjos, marimbas e pianos de bar. Com a voz gutural inconfundível do músico da Califórnia, hoje com 62 anos, ‘Rain Dogs’ tem uma aura quase surrealista de letras bizarras e protagonistas do naipe de uma prostituta de perna de pau, um dono de matadouro e chineses bêbados.

O estilo cinematográfico do disco (que tem a guitarra experimental de Marc Ribot e Keith Richards como convidado especial em ‘Big Black Mariah’, ‘Union Square’ e ‘Blind Love’) consolida Tom Waits como artista de um território híbrido entre a música, o cinema e o teatro. Quem não se lembra dele roubando a cena em filmes como ‘Down By Law’ (Jim Jarmusch), ‘Cottom Club (Coppola) e ‘Short Cuts’ (Robert Altman)? Waits foi ainda compositor de trilhas como ‘O fundo do coração’(outra parceria com Coppola) e ‘Uma noite sobre a Terra’ (mais uma com Jarmusch), e ganhou dois prêmios Grammy pelos discos ’Bone Machine’, de 1992, e 'Mule Variations', de 1999.

Sem gravar desde ‘Real Gone’, de 2004, Waits acaba de finalizar ‘Bad as me’. O disco sai em outubro em duas edições, uma com 13 canções e outra especial com três faixas bônus e um livro de 40 páginas. Para entrar no clima Tom Waits, veja abaixo trailer do superclássico em preto e branco ‘Down by law’, de Jim Jarmusch (com Roberto Benigni) + vídeo de apresentação do novo álbum. Depois é só ir na playlist. 



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