18.11.11

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El Rego (2011)

Alemão radicado em NY, DJ e autor do incrível site Voodoo Funk, Frank Gossner é figurinha carimbada aqui no blog e o pesquisador responsável pelo maior lançamento de afro-funk do ano: o primeiro álbum de um dos grandes mestres da música africana, uma mistura de James Brown com Fela Kuti e John Lee Hooker, Theophile Do Rego, o El Rego, aqui com 'ses Commandos'. Lançado em outubro em parceria com a gravadora Daptone Records, a mesma de nomes como Sharon Jones e Budos Band, o disco homônimo é antes de tudo uma preciosidade com faixas que antes só apareciam em discos de 45rpm. O álbum acompanha ainda um livro capa dura de 20 páginas com fotos sensacionais dos anos 60 e 70 do movimento black no Benin (país que revelou outro peso pesado da música africana, a Orchestre Poly-Rythmo).
 
Garimpador incansável, Gossner já havia descoberto material inédito de El Rego em viagens pela costa leste da África até decidir ir atrás do autor de clássicos como ‘Se na Min’ (faixa que já havia se destacado em outro disco histórico, a coletânea ‘African Scream Contest’). No Benin, Gossner não só localizou El Rego em sua casa (veja vídeo sensacional mostrando a reação do músico, hoje com 53 anos, ao saber que músicas como ‘Hessa’ incendeiam pistas da Europa e EUA) como também foi apresentado a fotos inéditas e farto material que acabaram encorpando o projeto e virando item obrigatório no pacote.

Remasterizadas com a qualidade Daptone, faixas como ‘Feeling You Got’ e ‘Dis-Moi-Oui’ ganharam ainda mais pressão revelando detalhes do caldeirão instrumental comandando pela voz de El Rego. A cereja do bolo no projeto é o disco bônus 45rpm com ‘Se na min’. No site da gravadora é possível fazer download gratuito de ‘Hessa’. Clássico e histórico. Cheeers Frank!




Jaqee – Kokoo Girl (2009)

Nascida em Kampala, capital de Uganda, Jaqueline Nakiri Nalubale, Jaqee, só 34 anos, passou a infância circulando por áreas rurais do país até viajar aos 17 anos para Suécia e mudar de vida. Em Gotemburgo, virou uma das principais revelações da música ‘black sueca’ e indicada duas vezes à melhor cantora na versão local do Grammy.  Lembrando sua infância quase nômade em Uganda, Jaqee muda de estilo a cada disco: estreou em 2005 fazendo um soul classudo em ‘Blaqalixious’, passou para o rock-blues em ’Nouvelle D’Amour’, de 2007, e no ano seguinte fez um discaço tributo a Billie Holiday. Não satisfeita, Jaqee partiu para o reggae, em 2009, com ‘Kokoo Girl’.

'Cresci sob o gospel africano em um ambiente truculento e triste. Foi fácil abraçar e entender o reggae'.

Faixas como ‘Natty Dread’, ‘Pink Drunken Elephant’ e ‘Take ir or Leave it’ (todas na playlist) levaram Jaqee, atualmente morando em Berlin, a explodir na França onde seu disco foi relançado em 2010 com o nome de ‘Land of the Free’. Um reggae moderno com feeling rasta e toques de ragga fazem de ‘Kokoo Girl’ uma boa pedida para trilha de um dia de sol. 



Woima – Tezeta (2011)

O último disco oficial do excelente Poets of Rhythm, grupo de deep-jazz de Berlin formado por músicos alemães com sangue blackíssimo, foi ‘Ham Gallery/Battle of Funk’, de 2009, mas seus integrantes não param de produzir e frequentemente aparecem nas longas listas de músicos envolvidos em combos que se reúnem para tocar e gravar em projetos de afro-funk-ethio-jazz. Bandas hypadas como Whitefield Brothers, Karl Hector, Afrobeat Academy e agora o Woima são formadas em sua grande maioria por músicos do Poets como o guitarrista Jay Whitefield, o pianista Thomas Myland, o saxofonista Ben Abarbanell e o sax tenor Johannes Schleiermacher. O quarteto agora está de novo junto atendendo dessa vez convocação de Schleiermacher. 

Com nome inspirado em um ritmo da Guiné, o combo com 10 integrantes nasceu a partir de uma viagem do músico pela região norte da África. Na volta, carregado de discos, impregnado pela sonoridade de países como Marrocos, Etiópia e Guiné, e empolgado após conversas com o grande Mulatu Astatke, Schleiermacher montou a banda com antigos parceiros e foi gravar no Lovelite, em Berlin, mesmo estúdio onde foram feitos discos de Jimi Tenor e Afrobeat Academy. O Woima vai fundo nos timbres hipnóticos lembrando os melhores momentos de grupos como Heliocentrics e o próprio Mulatu. Ethio-jazz com muitos efeitos de dub, piano delicioso e todo groove do funk. 

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