22.2.12

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Céu - Caravana Sereia Bloom (2012)

Céu passou tranquila no teste do 2º disco com 'Vagarosa', em 2009, e agora vai ainda mais longe com o recém-lançado ‘Caravana Sereia Bloom’, fácil um dos melhores e mais completos discos do ano até agora. Indicada ao Grammy Latino na sua estreia com o álbum homônimo de 2006, com carreira sólida no exterior tendo tocado no Coachella e prestes a iniciar turnê pela Europa, a paulistana de 31 anos chega ao seu terceiro disco ainda mais apurada, caminhando firme entre o cult e o pop (caindo muito mais para a vanguarda); equilibrando dub, psicodelia e mpb na medida certa; jogando com barulhinhos e efeitos; brincando com a voz e cercada de um timaço de músicos.

Produzido pela própria Céu junto com o marido, Gui Amabis, ‘Caravana’ tem participações de alguns dos nossos melhores instrumentistas: Curumim e Pupilo (Nação Zumbi) dividem os créditos na bateria; na guitarra, Lúcio Maia (outro do Nação); no sax, Thiago França (Criolo, Sambanzo); e a dupla Anelis Assumpção e Thalma de Freitas fazendo vocais. Batizado em homenagem à Caravana Rolidei, do filme ‘Bye bye Brasil’, o disco tem músicas de Lucas Santtana e Jorge Du Peixe, além de versões para ‘Palhaço’, de Nelson Cavaquinho, e um reggae-rocksteday inspiradíssimo de Lloyd Robinson, ‘You won’t regret it’.

O primeiro show de Céu cantando o novo disco será dia 10 de março, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo; depois, a cantora segue para a Europa e volta em maio para tocar no Rio. Um discaço que coloca a paulistana definitivamente no grupo de cantoras de quem o blog corre rápido para escutar um novo CD.  E Céu de novo não decepcionou. 




John Coltrane - Plays the Blues (1960)

'The Blues', 'Sings the Blues', 'The Blues Years'... pode procurar, John Lee Hooker, BB King, Lightnin' Hopkins, Bessie Smith, todos têm pelo menos um disco com o nome blues, e todos clássicos, não tem erro. Mas grandes músicos do jazz também recorreram ao nome nos seus momentos mais ‘bluesy’ com resultado quase sempre matador. As melhores músicas da pianista Nina Simone, por exemplo, estão no clássico ‘The Blues’ (‘The Pusher’, ‘Do I move You?’); o guitarrista cigano Django Reinhard também tem o seu, e coletâneas de nomes como Eric Clapton e Ray Charles são sinônimo de ótima música. Por isso, pela primeira vez que ouvi esse ‘Plays the Blues’, de John Coltrane, sabia que a escolha seria certeira. O disco de sete faixas foi feito inteiro com material de sessões gravadas no final de 1960, ano em que Coltrane deixou a banda de Miles Davis para formar seu quarteto com um timaço formado pelo pianista McCoy Tyner, o baterista Elvin Jones e o baixista Steve Davis. Com esse quarteto, Coltrane gravou em pouco mais de três anos discos que ficariam marcados para sempre em sua carreira, entre eles ’My Favorite Things’ (61) e ‘Ballads’ (1962). Coincidência ou não, destaque nesse álbum são as faixas que também tem blues no nome: ‘Blues do Elvin’, ‘Blues to Bechet’ e ‘Blues to You’, todas na playlist. E já que o assunto é blues – e Coltrane - vale lembrar que um de seus discos preferidos era ‘Blue Train’, de 1957, com o trompetista Lee Morgan, o pianista Paul Chambers e o baterista ‘Philly’ Joe Jones. Abaixo, quarteto de Coltrane em ação com 'My Favorite Things'.




Cidadão Instigado - E O Método Túfo de Experiências (2005)

Fundir rock progressivo, brega, psicodelia e ritmos nordestinos é a especialidade do grupo cearense Cidadão Instigado. Letrista, guitarrista e mentor criativo da banda, Fernando Catatau começou a mostrar nesse ‘E o Método Túfo de Experiências’, de 2005, que faria com a música mais ou menos o que Tim Burton fez no cinema: criou um mundo seu, inovador, atemporal, às vezes surreal. Acabou virando nome constante em festivais e acumulou parcerias de peso em discos de Karina Buhr, Los Hermanos, Vanessa da Matta, Arnaldo Antunes, Otto e Siba.

Segundo álbum do Cidadão Instigado (que tem ainda na discografia o elogiado Uhuu!, de 2009), ‘Método’ aproxima rock e brega sem querer soar irônico. Junta Odair José, Pink Floyd e Black Sabbath (todas referências assumidas de Catatau; veja entrevista) usando mudanças radicais de andamento em uma mesma faixa, passando do samba de terreiro para solos de trompetes e sintetizadores, ou radicalizando com guitarras distorcidas. Gravado com contribuições especialíssimas nos estúdios de Maurício Takara e Daniel Ganjaman, do Instituto, o disco entrou em várias listas dos melhores de 2005.

Para ouvir com calma, sem preconceitos, atento aos detalhes, referências e experimentações. Um disco autoral, esquisito mesmo, até excêntrico, instigante na essência. Veja clipe para 'Tempo' e depois 'Pobre dos Dentes de Ouro' ao vivo no Trama Virtual.


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