3.4.13
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Gravadora do ex-Talking Heads David Byrne, a Luaka Bop levou
quase uma década negociando com herdeiros de Tim Maia até conseguir lançar 'Nobody Can Live Forever: The Existential Soul of Tim Maia', maior coletânea do nosso incomparável grooveman
para o mercado americano. Em entrevista recente à Rolling Stone, Nelson
Motta, autor da biografia sobre Tim, ‘Vale Tudo’, foi direto e esclarecedor ao
falar sobre a difícil relação do 'Síndico' com executivos da música.
"Como tudo em Tim Maia, a administração de seu acervo e o relançamento de seus discos é um caos. Ele tem mais de 100 processos judiciais rolando, contra e a favor. Entre eles, diversos com gravadoras que lançaram originalmente seus discos. Como ele morreu em 1998, todos os relançamentos têm que ser autorizados pelo seu herdeiro, Carmelo Maia, e pelo advogado, e cada um envolve uma longa negociação. Um dos melhores discos dele, ‘Nuvens’, de 1982, jamais foi relançado".
Com faixas em português e inglês - várias da fase
Racional - a coletânea da Luaka Bop chegou a ser anunciada em 2007, mas o
lançamento foi adiado quando sites e revistas já tinham resenhas prontas. Em 2012, as negociações finalmente foram
adiante e 'Nobody Can Live Forever' chegou às lojas em setembro como parte das
comemorações pelos 70 anos de nascimento de Tim. Para divulgar o álbum, a
gravadora organizou no dia 28 festas em vários estados dos EUA (por aqui, o
evento aconteceu em BH) com Dom Maia tocando direto nas pickups. Apesar de ter
morado nos EUA (e deportado, por posse de maconha), Tim Maia nunca chegou a ter sua
obra reconhecida no mercado americano. Recentemente, a Rolling Stone local o comparou
a Sly Stone. Para alguns, até pouco... Ouça abaixo as
15 faixas do disco, abrindo com 'Que Beleza'. Pode aumentar que a sequência é
groove na veia.
World Psychedelic Classics 4: Nobody Can Live Forever: The Existential Soul of Tim Maia by Luaka Bop
Chamado de 'Quincy Jones' da África, Ibrahim Sylla é talvez
o maior produtor de músicos e orquestras africanas dos últimos 30 anos. Tem parcerias com
praticamente todos os grandes nomes do continente, de Alpha Blondy a
Miriam Makeba, de Oumou Sangaré e Baaba Maal a Salif Keita e Youssou
N’Dour. Sua gravadora, a Syllart, participou do lançamento da maior parte dos álbuns de 'world music' dos anos 80 e 90, fazendo a dificílima e fundamental ponte com o mercado europeu. O duplo 'Electric Mali' faz parte da série de onze discos 'African
Pearls', com as principais bandas, hits e raridades dos anos 50,
60 e 70 da costa oeste. Quase todos os grupos escolhidos por Sylla são pouco badalados fora da África, mas de
trajetória consistente. Perfeito para conhecer outros músicos do Mali além
dos mais conhecidos como Amadou e Mariam, Ali Farka Touré, Toumani Diabaté e os
próprios Salif Keita e Oumou Sangaré. Para ouvir com calma, anotar e correr atrás de mais álbuns de orquestras como Régional du Mopti, Le Super Biton National de
Ségou e Les Ambassadeurs du Motel de Bamako. Clique para ver lista completa de faixas e todos os discos com
sons do Congo, Senegal, Guiné e Costa
do Marfim. Tesouro para quem gosta de música africana e quer ir fundo nas
pesquisas.
Depois da sensacional trilha de ‘Pulp Ficton’ (1995), todos
os novos longas de Quentin Tarantino são esperados avidamente também por quem
gosta de música. Talentosíssimo no garimpo de grooves perdidos dos anos
60 e 70, o diretor é daqueles que pesquisam fundo em busca do melhor clima para as cenas. Seu próximo filme, ’Django Unchained’, tem
lançamento previsto para 25 de dezembro, mas algumas músicas já são conhecidas,
e duas delas são dos holandeses do Gare Du Nord. O projeto criado em 2001 pelos
produtores Barend Fransen e Ferdi Lance começou despretensioso, para sonorizar desfiles, lojas e eventos. A ideia era recriar clássicos do blues,
jazz e soul de nomes como Robert Johnson, Miles Davis e Marvin Gaye. Mas
logo no primeiro disco, 'In search of Excellounge', de 2001, a dupla já chegou
fazendo barulho entre DJs, pesquisadores e também diretores de cinema e TV.
Faixas do disco de estreia, e também do segundo álbum, 'Kind Of Cool',
entraram para trilha do seriado 'Six Feet Under' e do filme 'Ghost Rider. A
dupla virou hit e acabou fechando com a própria Blue Note. As músicas escolhidas para 'Django Unchained' são do último disco do
Gare Du Nord, o excelente 'Rendezvouz 8:02'. E as duas são pérolas que comprovam
o faro apurado de Tarantino. Outro destaque na trajetória dos
holandeses é o álbum ‘Greatest Hits’,de 2010, com mixagens de alguns dos
músicos preferidos do blog, como Donald Byrd e Bobby Hutcherson.