13.5.11
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Escolher o melhor disco de Bob Marley é tarefa impossível. ‘Burnin’, de 1973, o último com Peter Tosh e Bunny Wailer, lançou ‘I Shot the Sheriff’ e ‘Get Up, Stand Up’; ‘Natty Dread’, do ano seguinte, já com os irmãos Barrett e as I-Threes, tem ‘Lively up Yourself’ e ‘Them Belly Full’; e 'Rastaman Vibration’, de 1975, é para deixar tocar inteiro, de ‘Positive Vibration’ a ‘Rat Race’, não tem música sobrando. Até o primeiro álbum póstumo ‘Uprising’, de 1980, com sonoridade menos roots, também tem hits como ‘Coming From The Cold’ e ‘Bad Card’. Mas se fosse pelo valor histórico certamente meu escolhido seria ‘Catch a Fire’, de 1973, o disco que catapultou o nome Bob Marley no mercado internacional e transformou o reggae em ritmo não só da Jamaica, mas do mundo.
Primeiro dos Wailers gravado fora da ilha, pela Island, o álbum de ‘Concrete Jungle’, ‘Slave Driver’ e ‘Stir It Up’ mistura as letras politizadas e solares de Bob ao talento de Bunny Wailer e Peter Tosh, que aliás assina ‘Stop That Train’. Totalmente indispensável em qualquer coleção, ‘Catch a Fire’ abriu caminho para Bob Marley entrar na lista dos grandes gênios da música mundial de todos os tempos (no mesmo patamar só Miles Davis, John Coltrane, Jimi Hendrix e James Brown).
Na semana dos 30 anos da morte de Bob Marley, vale muito separar um tempinho relax para ‘Catch a Fire’. Abaixo, veja minidoc da BBC com imagens raras e versão ao vivo da deliciosa 'Stir it Up’ ainda com os Wailers originais.
Só esse o volume dois da coleção de cinco CDs da gravadora Rhino já bastaria para dar um panorama do melhor do funk-groove-soul produzido nos EUA nos anos 70 e 80. De James Brown a Sly Stone passando por Curtis Mayfield, Maceo Parker, Parliament, Rufus e Kool & the Gang, ‘In Yo’ Face!’ é fácil uma das melhores coletâneas de black music das muitas produzidas até hoje. Mas é só um aperitivo. São ao todo 60 músicas de nomes como Marvin Gaye, Bootsy Collins, Isley Brothers, Earth, Wind & Fire e muito mais. O objetivo aqui não é garimpar, redescobrir raridades, funks perdidos, e é aí que fica o grande mérito do projeto, funciona como uma super playlist para deixar rolar direto numa festinha em casa.
Quase todos (senão todos) artistas incluídos nos cinco álbuns passaram pelo menos uma vez pelo palco do ‘Soul Train’, programa mais clássico de black music da TV americana que ficou no ar por incríveis 35 anos. Muitas das apresentações dos anos 70, auge do funk e soul nos EUA, têm trechos disponíveis no YouTube. Selecionei três com todo climão da época, roupas, danças, cabelos, dá uma olhada no look da Tina Turner... galera se divertia. Como diria James Brown, make it funky!
Se existe um sambista hoje com mais autoridade, conhecimento e talento para fazer um álbum chamado ‘Uma História do Samba’, esse nome é Hildemar Diniz, o Monarco, de 78 anos. Produtor de grandes discos para o mercado internacional desde os anos 80, Katsunori Tanaka, o japonês mais carioca da música, segundo Sérgio Cabral, sabia disso e fez a encomenda. O álbum gravado em 2001 foi lançado primeiro no Japão. Lá, ganhou prêmio de melhor disco do ano de música latina da prestigiada Music Magazine. Chegou ao mercado brasileiro só em 2004, faturou prêmio Tim no ano seguinte e pode ser considerado um dos melhores do gênero nos últimos 20 anos.
Repertório inclui bambas de todos os tempos como Sinhô, Bide, Ismael Silva, Noel Rosa, Cartola, Geraldo Pereira e Silas de Oliveira; tem samba cadenciado, sincopado, partido-alto, lundu, maxixe, samba-enredo; mais duas composições do próprio Monarco com o parceiro Alcides Malandro Histórico e uma ao lado do filho Mauro Diniz.
Monarco e seu arranjador, o cavaquinista Henrique Cazes, convocaram para o disco cracaços em todos os instrumentos. Tem Paulão 7 Cordas, Beto Cazes, Gordinho, Maionese e ainda um coro classe A com Teresa Cristina, Pedro Miranda, Cristina Buarque e as pastoras Dora e Surica. Se era para dar uma aula de samba, tarefa cumprida, com louvor.