13.6.12

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Gravadoras independentes da Europa e Estados Unidos apontam seus radares para Mali, Gana, Nigéria e Benin atrás de álbuns inéditos fora da África, muitos esgotados, fora de catálogo, relíquias que só aparecem com pesquisa pesada. É cada vez mais comum ver produtores e donos de selos viajando meses pela costa oeste africana e voltando carregados de vinis dos anos 60 e 70. As inglesas Soundway, Strut Records e World Circuit, a alemã Analog Africa, a espanhola Vampisoul e a francesa Buda Musique, que abriu portas nos anos 90 com a série Ethiopiques, são nomes chaves dessa nova cena internacional que tem produzido uma ‘world music’ bem mais funkeada do que a aquela empacotada pelas multinacionais nos anos 80 e 90. 

Do garimpo por lojas de discos, rádios e até casas de colecionadores em cidades como Accra, Lagos e Cotonou já saíram discaços de Ebo Taylor, Orchestre Poly-Rythmo, Orlando Julius, Mulatu Astatke, Refugee All-Stars e muitas coletâneas com sons raríssimos em sequências matadoras ilustradas por pesquisa caprichada com fotos e entrevistas. Seguem quatro dicas que servem como mapa musical para essa região da África que é uma mina de sons clássicos.

African Scream Contest (2008) - Analog Africa
A viagem de Samy Redjeb por Benin e Togo, em 2005, rendeu tanto que o produtor da alemã Analog Africa só deu o projeto por encerrado depois de quase três anos na ponte aérea Frankfurt-Accra. Tinha tanto material que não ficou satisfeito somente em produzir um discaço com 14 músicas de nomes como Orchestre Poly-Rythmo, Les Volcans de la Capital e El Rego et ses commandos. A Analog lançou acompanhando o álbum um livro caprichadíssimo de 44 páginas recheado de fotos raras cedidas pelos próprios músicos e 16 entrevistas. No total, Samy fez oito viagens à capital do Benin, Cotonou, terra natal da sempre espetacular Poly-Rythmo. Grooves hipnóticos e metais pesados para conquistar até os ouvintes de primeira viagem. 

Ghana Soundz Vol 1 (2002) Vol 2 (2004) - SoundWay
O DJ e fundador da SoundWay Miles Cleret voltou de Gana carregado de raridades locais de funk e afrobeat. Depois do garimpo, foi atrás dos músicos para resgatar fotos, dados das gravações e histórias. ‘Ghana Soundz’ é completíssimo e mereceu segundo volume dois anos depois. A maioria dos sons é do início dos anos 70 quando os ídolos locais eram Fela Kuti, James Brown e Santana. O resultado é uma mistura do funk dos EUA com o highlife local. Ebo Taylor e Marijata já tiveram posts aqui no blog.

VampiSoul Goes to Africa (2008) - VampiSoul
Depois de apostar nas pedradas black ‘Lagos Baby’, de Fela Kuti, ‘Afro Disco Beat’, de Tony Allen, e na coletânea ‘Highlife Time’, todos discos duplos com produção impecável,  a espanhola VampiSoul partiu para pesquisa de campo e antecipa futuros lançamentos com esse ‘VampiSoul Goes to Africa’. Muita percussão, solinhos funkeados de guitarra, metais em brasa e influência direta do deep funk dos EUA.

Lagos Jump (2009) – Strut Records
‘Lagos Jump’ marca a volta da inglesa Strut ao país de Fela Kuti depois do relançamento do triplo ‘Nigeria 70’. Só que o foco agora é a capital Lagos dos anos 70 totalmente impregnada, dominada, encharcada de afrobeat. Tem do jazz pesado de Peter King ao afrofunk de Bola Johnson, chegando à lenda do ‘juju’ Shina Peters. São ao todo 27 músicas em um álbum duplo com seleção de Duncan Brooker e John Collins. Não poderiam faltar os incríveis Orlando Julius, Funkees, Joni Haastrup e Tony Allen. Pesquisa competente, afrobeat pauleira.

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