26.8.11

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Ikebe Shakedown (2011)

Soul americano anos 60 e funk africano década de 70. É nesse caldeirão que a big band instrumental do Brooklyn, Ikebe Skakedown, vai buscar referências para o seu ‘hard-hitting-afro-funk’ que vem bombando em festas black de NY. O homônimo ‘Ikebe Shakedown’ é o segundo disco da banda, o primeiro gravado em LA, no Killion Sound, mesmo estúdio de bandas hypadas na cena black dos EUA, como Orgone, The Lions e Breakestra. A produção é do guitarrista dos Dap-Kings, Thomas Brenneck, cabeça do Menaham Street Band (veja post).

Na playlist, cinco músicas do ‘ee-kay-bay’ (nome da banda é uma homenagem a um disco de boogie nigeriano). Uma delas, ‘Sankonsa’, acaba de ser usada no filme de lançamento do Mini-Coupe (veja vídeo abaixo). Detalhe é o carro ‘desfilando’ no Sambódromo do Rio.



Herbie Hancock - Empyrean Isles (1964) + Maiden Voyage (1965)

Ele começou tocando com Donald Byrd, foi logo em seguida contratado por Miles Davis, assinou com a Blue Note, gravou pela Sony, Columbia, Verve, passou pelo hardbop, blues, funk, clássico, e incrivelmente, prestes a completar 50 anos do seu primeiro disco solo, ‘Taking off’, de 1962, continua se reinventando. Prodígio que aos 11 anos já tocava Mozart na Sinfônica de Chicago, Herbie Hancock foi o primeiro músico a ganhar o maior prêmio do Grammy com um álbum de jazz, com ‘River: The Jonie Letters’, em 2009, recriando músicas de Joni Mitchell ao lado de Wayne Shorter e Dave Holland. Em 2010, Hancock estava de novo à frente de um discaço juntando nomes como Dave Matthews, Anoushka Shankar, Jeff Beck, Pink e Chaka Khan em ‘The Imagine Project’, gravado em sete países. 

Mas a dica do blog vai lá atrás resgatar dois discos dos anos 60, na Blue Note, ‘Empyrean Isles’, de 1964, e ‘Maiden Voyage’, de 1965, quando Hancock começava a aparecer para o mundo do jazz como compositor e já líder de uma superbanda formada pelo baixista Ron Carter, o baterista Anthony Williams, o grande trompetista Freddie Hubbard, morto em 2008, e o saxofonista George Coleman (só em ‘Maiden Voyage’). Preparado para uma viagem quase alucinógena por solos de piano, trompete, baixo e bateria com pesos pesados do jazz no auge? Entra no clima com 'Cantaloupe Island' do DVD 'One Night in Blue Note' (atenção no solo do Freddie Hubbard). E na playlist tem as melhores dos dois discos. 



Vieux Farka Touré - The Secret (2011)

Fica difícil para o filho daquele que é talvez o melhor - certamente, o mais conhecido – guitarrista africano dos últimos anos não repetir o caminho do pai. Para evitar a responsabilidade e toda expectativa, Ali Farka Touré fez de tudo para Vieux não entrar para o mundo da música. Ali, vítima de câncer em 2005, radicalizou e queria que o filho seguisse a carreira militar. Vieux aceitou os conselhos – mas até certo ponto. Aos 18 anos, o sangue acabou falando mais alto e ele entrou para Instituto de Artes do Mali, na capital Bamako. Era o início de uma carreira meteórica.  Talentoso, Vieux foi chamado para tocar na banda do mestre da kora, Toumani Diabaté. Viajou, ganhou experiência e mostrou que definitivamente os planos do pai ficavam para trás. Aos 24 anos, recebeu convite para gravar seu primeiro disco. O produtor, Eric Herman, precisou pedir autorização para Ali Farka Touré. O disco saiu em 2007 e com participações especiais da dupla Ali-Toumani. Vieux repetiria o sucesso com ‘Fondo’, de 2009. No ano seguinte, foi um dos convidados do show de abertura da Copa do Mundo, na África do Sul. No palco, ao lado de estrelas da música africana, como Amadou e Mariam, Vieux mostrou para o mundo que estava pronto para carreira internacional e logo depois lançaria mais um discaço, ‘Live’. Em ‘The Secret’, de 2011, candidatíssimo a um dos melhores álbuns africanos do ano, Vieux Farka Touré estourou ao mesclar com maestria o blues do pai, com suas raízes do Mali e um toque americano-europeu que faz sua música descer sem estranhamento em qualquer parte do mundo.

Produzido pelo guitarrista do ótimo Soulive, banda de soul-funk dos EUA, Erik Krasno, ‘The Secret’ tem participações de estrelas como Dave Matthews, John Scofield, veterano do jazz com participações nos grupos de Miles Davis e Herbie Hancock, e Derek Trucks, ex-The Allman Brothers. Para os fãs do pai, a homônina ‘The Secret’ tem um dos últimos registros do grande Ali Farka Touré antes de sua morte. Mistura tranqüila e cool de rock, jazz, funk e blues que não deixa dúvida: o Mali ganhou mais um nome para sua enorme galeria de talentos. 

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