28.9.12

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Fumaça Preta - A Bruxa, Loco (2012) 

Projeto baseado em Amsterdã, o Music With Soul defende com unhas, dentes, guitarras venenosas e groovys invocados a filosofia ‘do-it-yourself’. É só olhar no site da dupla Alex Figueira e André Nóvoa para entender: ‘Gostamos de simplicidade. Odiamos frescura. Amamos a música que soa quente, crua e autêntica. Gostamos quando um disco soa rude e sujo. Gostamos de pessoas loucas, radicais. Odiamos fórmulas, clichês. Gostamos de coisas feitas com verdadeira paixão’.

É, os caras, dizem na lata o que pensam, não estão para brincadeira. E não só atacam de produtores, divulgando sons como The Grits e Slackers, como também fazem uma rock-black pesado carregado com pitadas generosas de psicodelia. Se identificou? Gosta de ritmos étnicos e funky? Então, pode aumentar o som e dá play em ‘A Bruxa’, último lançamento do Music With Soul (distribuído no Brasil pelo Goma Gringa).

Gravado no Barracão Estúdio (isso mesmo, em português, 'minha singela homenagem ao Brasil', brinca Alex, venezuelano), o compacto é resultado de uma session de uma tarde do quarteto formado por Joel Stone (voz, gemidos e barulhos vários), da Tropicália in Furs, loja clássica de NY, Stuart Carter (guitarra e moog) e James Porch (baixo), da banda The Grits, além do próprio Alex (bateria e percussão). A proposta era adaptar o clássico ‘The Witch’, dos Sonics, mas carregando (como eles próprios descreveram) ‘na psicose, macumba e avançando com os limites do estilo’. O lado B do compacto (eles adoram vinil, mas são apaixonados pelas bolachinhas, ‘mais sujas’), ‘Loco’, é uma composição original composta, ensaiada e gravada no mesmo dia. Vê aí no que deu.



Outros compactos de peso do Music with Soul são a adaptação do Slackers para ‘Minha Menina’, do Jorge Benjor, mais conhecida com os Mutantes, e ‘The Sons of your Funk Mother’, do Grits. Abaixo, o Fumaça Preta em ação no Barracão Estúdio.




Akoya - Introducing Akoya Afrobeat Ensemble (2004) e President Dey Pass (2008)

Nova York é atualmente a cidade com cena afrobeat mais intensa e talvez com os dois melhores grupos black-funky do mundo, ambos com passagens antológicas pelo Brasil em 2012, Budos Band e Antibalas. Mas revirando as produções recentes da cidade fica difícil entender porque a Akoya Afrobeat Ensemble, bigband internacional formada por 14 músicos dos EUA, Benin, Nigéria, Botsuana, África do Sul e até Japão, não tem o mesmo reconhecimento no Brasil. Quase todos seus integrantes participam ativamente da cena afro em NY, alguns tocaram com o Egypt 80, banda de Fela Kuti, além de outros em projetos hypados, como o musical ‘Fela’, hit na Broadway com integrantes do Antibalas, e ainda com Arcade Fire e Zozo Afrobeat. 

Atualmente, a Akoya está em estúdio finalizando seu terceiro disco previsto para ser lançado ainda este ano. Ouça na playlist as melhores faixas dos dois primeiros álbuns, ‘Introducing Akoya Afrobeat Ensemble’, de 2004, e ‘President DeyPass', de 2008, fácil, entre os melhores de afrobeat já produzidos em todos os tempos fora da África. 

A capa de ‘President Dey Pass’ é criação do artista nigeriano Lemi Ghariokwu, famoso pelos seus trabalhos em álbuns de Fela Kuti, Bob Marley e E.T. Mensah. Atenção na faixa ‘Jeje L’aiye’, parceria com o grande Cedric Brooks, saxofonista jamaicano dos Skatalites. O segundo disco da banda tem ainda participações de Tony Allen e Seun Kuti. Abaixo, Akoya ao vivo com Cedric Brooks e Amayo, do Antibalas.



Reuben Wilson - ‘Blue Mode’ (1969) e ‘Blue Break Beats’ (1994)

Reuben Wilson faz parte do seletíssimo grupo de instrumentistas que deram ao jazz algumas de suas músicas mais grooveadas de todos os tempos. Atualmente com 77 anos, o tecladista americano de Oklahoma, ex-boxeador profissional, viveu sua fase de ouro entre 1968 e 1971 quando gravou cinco discos pela Blue Note. Comparado e também influenciado pelo mítico Richard ‘Groove’ Holmes, Reuben Wilson está entre os músicos que inspiraram o movimento acid-jazz dos anos 90. Entre eles, alguns dos preferidos aqui do blog: Grant Green, Lou Donaldson, Bobby Hutcherson, Donald Byrd, Big John Patton, Freddie Hubbard e Gene Harris (coletânea essencial da Blue Note tem todas as pérolas dessa verdadeira seleção black).

Lançado em 1969, ‘Blue Mode’ é um clássico obrigatório para quem gosta de soul-jazz, principalmente para os fãs dos teclados funkeados e psicodélicos. Ao lado de Ruben Wilson, três craques: o sax tenor John Manning, o baterista Tommy Derrick e guitarrista Melvin Sparks (presta atenção nesse nome, tem vários discaços). Outra boa pedida é ‘Blue Break Beats’, coletânea de 1994, com as melhores faixas dos seus cincos discos pela Blue Note.

Além da carreira solo, Reuben Wilson atuou também com sideman nas bandas de Stanley Turrentine, Grant Green e do próprio Melvin Sparks. 



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