10.1.13

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Depois de Abayomy e Bixiga 70, mineira Iconili é nova aposta do afrobeat (Oblogblack no Amplificador do Globo)

A carioca Abayomy e a paulistana Bixiga 70 já deixaram claro que o afrobeat feito no Brasil pode fazer frente à bandas que brilham no cenário internacional como Budos Band, Antibalas e Akoya, de NY, Fanga, da França, e Souljazz Orchestra, do Canadá, entre outras. Com sucesso das festas de música africana e a chegada de novas coletâneas resgatando discos obscuros, o ritmo criado por Fela Kuti vai se espalhando e a cada dia ganhando novos representantes pelo país. De Minas, a Iconili surge como principal candidata a formar a ‘santíssima trindade’ do afrobeat do RJ-SP-MG ao lado da Abayomy e Bixiga.



A bigband mineira formada por 11 integrantes, incluindo músicos de grupos conhecidos no cenário de BH, como Frito na Hora, Zimun, Fusile e Constantina, teve seu show no Leblon Jazz Festival incluído entre os 5 melhores de 2012 aqui no Amplificador e já vem sendo chamada de Budos Band brasileira. Citada em matéria do jornal inglês Guardian e elogiada por músicos como Marcelo Camelo e Oghene Kologbo (guitarrista de Fela com quem a banda dividiu estúdio em faixas ainda inéditas), a Iconili acaba de lançar o seu segundo trabalho (o primeiro com a atual formação), o EP ‘Tupi Novo Mundo’ (baixe).

 

São cinco músicas carregadas no afrobeat com tintas de funky, rock, jazz e choro, formando o que eles chamam de 'psicodelia tropical'. Com o clipe da faixa ‘O Rei de Tupanga’ já pronto (o lançamento deve acontecer nos próximos dias, fique ligado que a gente certamente vai mostrar), a Iconili se prepara agora para circular pelo país com a turnê do disco. Mesmo sem ter fechado a agenda de 2013, Rio e SP – que viram a Iconili em 2012 em palcos tradicionais como Sesc Pompeia (vídeo abaixo) e Circo Voador, além do Leblon Jazz (na foto acima de Luciano Viana) – estão garantidos. Amplificador conversou por email com a banda sobre ‘Tupi Novo Mundo’, influências, afrobeat e também planos para o ano que promete confirmar a banda como revelação no cenário nacional.



Afrobeat é pouco para descrever o som da banda? Quais as referências e o conceito do disco? 
Nossa música nunca chegou a se limitar ao afrobeat. É certamente um dos estilos mais distinguíveis no nosso som, mas dentro de cada composição temos a influência pessoal de todos os 11 integrantes que oscila entre rock, chorinho, jazz e samba. O afrobeat foi algo que todos da banda provaram e assumiram como referência, mas em momento algum deixamos de lado outros ritmos, principalmente do Brasil. Ouvimos muito Pedro Sorongo (Pedro Santos), Hermeto Pascoal, Tim Maia, e isso de certa forma está bem aparente em nossas músicas. Quanto ao conceito, procuramos trazer nesse disco uma ideia de regresso às origens, de uma forma mais crua, que explica muito o que estamos vivendo nos dias atuais e que gostaríamos que as pessoas repensassem para si mesmas.


Como veem a evolução da banda do primeiro para o segundo disco?
As composições do nosso primeiro disco são mais contemplativas e menos dançantes. Tocar aquelas músicas sempre foi muito prazeroso, mas sempre ficávamos ávidos por sentir o público interagindo mais, principalmente dançando. Esse foi o gatilho principal para toda a mudança que a banda sofreu no segundo disco refletindo assim na entrada dos sopros e percussão. Colocamos na balança uma forma de tocar algo que gostamos e que faça o nosso público voltar suado para casa.



Já definiram a turnê de lançamento?
Estamos preparando para 2013 uma divulgação ampla do novo disco. A agenda ainda está sendo fechada e logo teremos as datas no nosso site. O clipe já está pronto, mas também sem confirmação de lançamento. Tem um ar bem mineiro-brasileiro, procurando colocar em imagens a cara que procuramos dar ao nosso novo som.



2012 foi especial para a banda, com Leblon Jazz Festival, Sesc Pompeia, Circo Voador, dividiram palco com Bixiga, Ed Motta, BNegão, como está essa nova fase do grupo e quais os próximos projetos?
Dividir palco com esses artistas tão importantes e receber elogios de figuras como BNegão é uma grande recompensa e prova de que estamos no caminho certo. O que nos surpreendeu foi conseguir chegar a todos esses palcos de respeito e atingir ouvidos de tanta gente apenas com single ‘Rei de Tupanga’. Isso nos dá esperança de conseguir ir ainda mais longe com o disco na íntegra este ano. A banda agora atingiu sua formação fixa, estamos deixando nosso estilo cada vez mais definido e isso vai ajudar a acelerar trabalhos futuros. Conseguimos um entrosamento onde todos se consideram amigos próximos além de meros colegas de trabalho. Essa relação reflete diretamente na música e nas composições. Todos esses motivos têm servido para abraçarmos nosso trabalho com ainda mais amor em 2013 e por isso escolhemos o primeiro dia do ano como data icônica para o lançamento virtual do disco. Podemos adiantar que também temos músicas novas para o próximo disco que seguirá muito o estilo de ‘Tupi Novo Mundo’.



 
Sobre Kologbo, como foi a parceria? Já tem músicas prontas?
A parceria com o Kologbo foi algo surpreendente. Foi um momento em que escolhemos nos entregar de corpo e alma para poder absorver tudo que essa artista tão carregado de experiência estava disposto a nos oferecer. Entramos em processo de gravação tão logo o conhecemos, mas toda convivência foi voltada principalmente para que ele pudesse nos ensinar o estilo de afrobeat tradicional criado pelo Fela Kuti. Temos algumas gravações registradas, mas não há previsão de lançamento. Decidimos voltar o foco para nosso novo disco e investir neste projeto ao longo do ano sem muita pretensão. O que se pode dizer com certeza é que em nossas próximas composições, ficará bem claro o amadurecimento que tivemos com esse incrível representante da música africana.
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