18.3.13

astronauta-amplificador-oglobo



Decole com o Astronauta Marinho: instrumental do RN com tintas de Radiohead (Oblogblack no Amplificador do Globo

Um som que começa com acordes de Dorival Caymmi (‘É doce morre no mar’), passa pela guitarrada do Pará até chegar a batidas eletrônicas e solos indie, definitivamente não é todo dia que aparece. Esse foi o cartão de visita do Astronauta Marinho quando entrou em contato com o Amplificador, mas faltava o EP completo, esperei e a banda de Fortaleza cumpriu com louvores todas as expectativas. Formado em 2011 como ‘projeto de um homem só’ do guitarrista Felipe Lima (ex-líder do combo Café Colômbia), o quinteto acaba de lançar seu segundo EP, ‘Fartozalê’, quase uma segunda estreia por apresentar pela primeira vez faixas misturando referências de todos os integrantes da banda que vão de Radiohead e Wilco a Air, Hurtmold e, claro, Cidadão Instigado, do excelente Fernando Catatau, conterrâneos de Fortaleza e atualmente a banda cearense mais conhecida na cena roqueira do eixo RJ-SP.

Vale aqui um parêntese para destacar que hoje tremula pela primeira vez no blog a bandeira do Ceará. Em quase oito meses de produção, tentamos mapear a produção de todo o país, circular por vários estilos e apresentar bandas pouco conhecidas. Mesmo recebendo dicas e com radar sempre ligado, essa ‘estreia’ comprova um momento delicado com escassez de novas bandas cearenses. E foi exatamente esse ponto um dos principais assuntos do nosso papo com o Astronauta Marinho. ‘A cena é morna. Muita produção boa acaba sendo passageira e não há muito investimento para que os grupos se sustentem. Mas o pior já passou’.


 
Faz o seguinte, ouve aí um trecho do ensaio do Astronauta (que além de Felipe Lima tem Rafael Viana na guitarra, Chagas Neto nos teclados e sintetizadores, Caio Cartaxo fazendo o baixo e Guilherme Alvez assumindo bateria e também samplers) e diz se não é um enorme desperdício a banda não dar as caras em palcos de todo o país. O som sofisticado com toques de psicodelismo, eletrônica e tintas regionais pode surpreender quem não está atento a grupos de centros menos badalados. Dá o play, decole com o Astronauta e depois conheça mais sobre a trajetória da banda e projetos. 

 

A banda começou em 2011, como foi o caminho até o 'Fartozalê'?
O Astronauta no começo era o projeto de um homem só. O Felipe tava sem banda e não queria parar de tocar, então começou a estudar produção musical e a registrar suas composições. Um amigo então sugeriu que ele se inscrevesse em algum festival e foram essas músicas que deram origem ao primeiro EP. A partir daí, ele sentiu a necessidade de realmente montar uma banda. Mas o Astronauta só se consolidou mesmo quando foi convidado para tocar fixo em uma casa de shows. Aí foram nascendo novas composições, novas histórias de amizade e sobre a nossa cidade. 'Fartozalê' é a nossa percepção dos altos e baixos de Fortaleza, sobre esse momento em que a gente vê vários artistas trabalhando para fazer a cidade um lugar mais rico em arte. E de fato tem muito artista talentoso aqui que não é reconhecido.

Como é hoje fazer música em Fortaleza e como está a cena local?
Morna, mas podemos dizer que o pior já passou. Vivemos agora um processo de reconstrução. Em 2012, houve o surgimento de várias bandas dos mais variados estilos e performances. O pessoal tem passado a rejeitar um pouco as velhas panelas e passou a ter sede de coisas novas e originais. Temos novas casas de show e paralelamente mais bandas produzindo material, dos mais variados estilos, e esperamos que tudo isso continue crescendo, claro que vai ser bom para nós e também para o público que parece orgulhoso em ouvir som feito aqui saindo para mídia nacional. Mas ainda assim a cena permanece mais independente do que nunca.


Como foi a produção do EP?
Gravamos no nosso estúdio próprio, o 'Quintal'. Todo mundo realmente se focou em terminar o trabalho e hoje a gente acha que superou a expectativa inicial. Até porque o EP ganhou um conceito e foi criando vida própria conforme foi sendo construído. As influências são variadíssimas: Efterklang, Sigur Rós, Radiohead, Air, John Frusciante, Wilco, The Dissociatives, Flaming Lips, Gaz Coombes, Hurtmold, Cidadão Instigado, Macaco Bong. Hoje, a gente descreve nosso som como 'essencialmente instrumental', porque realmente não há limitação quanto aos caminhos a percorrer.




Próximos planos?
Depois do EP, estamos focados no lançamento e preparando também um minidocumentário com bastidores da gravação. E já temos imagens para um clipe que deve sair em breve. Ainda estamos querendo fazer mais barulho na internet e ter mais material de qualidade para começar a pensar em turnês.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...