27.5.11

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Robert Johnson – King of the Delta Blues Singers (1961)
Eric Clapton - Me and Mr. Johnson (2004)

Músico mais influente da história do blues e mito pelas histórias 'off-palco', Robert Johnson realmente tem um currículo daqueles: morte aos 27 anos, enterro em cova-rasa, apenas três retratos (o último descoberto em 2008), não mais do que 29 músicas gravadas em duas sessões improvisadas e para completar um pacto sinistro feito numa encruzilhada que inspiraria a música ‘Crossroads’. Autor daquele que é talvez o maior hit blueseiro de todos os tempos, 'Sweet Home Chicago', o guitarrista do Mississipi sempre foi idolatrado por nomes como Muddy Waters, Howling Wolf e Elmore James, depois por rockeiros como Keith Richards, Jimmy Page e Jack White.

Fã desde os tempos do Cream com ‘Four Until Late’ até o disco tributo ‘Me and Mr. Johnson’, de 2004, Eric Clapton resumiu assim a obra de Robert Johnson: ‘Suas músicas me assustaram de cara pela intensidade’.

Contemporâneo de lendas como Son House e Charley Patton, Robert Johnson faria 100 anos agora em 2011. Nos EUA, as homenagens começaram com a caixa 'Complete Original Masters: Centennial Edition', da Sony, com 12 discos de vinil réplicas dos singles lançados na época e DVD apresentado pelo ator Danny Glover com Keb´Mo como Johnson. Em junho será a vez do Chicago Blues Festival ter uma noite inteira dedicada à sua obra com presença do neto Steven Johnson.

Aqui no blog a homenagem é com playlist: ouça uma seleção de 'King of Delta Blues', de 1961, compilação da Columbia relançada em 1998 e até hoje considerado um dos maiores e mais influentes discos da história do blues com 16 obras-primas como ‘Terraplane Blues’ e ‘Me and the Devil Blues’. Tem ainda uma versão enfurecida de Eric Clapton para ‘If i had a possession over my judgment day’, a histórica 'Travelling Riversidade Blues’, com o Led, 'Outlaw Blues', com Bob Dylan, e ‘Stop Breaking Down’, do álbum de estreia do White Stripes.

Abaixo, veja trecho do documentário ‘Nothing but the blues’, de Scorsese, com Clapton falando sobre impacto de Robert Johnson na sua obra e imagens raras de blueseiros dos anos 20 como Skip James e Bukka White; e para fechar trailer do filme ‘Crossroads’, de 1986, versão Hollywood para o pacto na encruzilhada com o ‘Karatê Kid’ Ralph Macchio.




Tommy McCook and the Supersonics – Top Secret (1969)

‘Top Secret’ é o primeiro disco solo de Tommy McCook mas poderia muito bem entrar na discografia do lendário Skatalites. Formada em 1964, a banda de ska mais famosa da Jamaica se separou no ano seguinte após a morte trágica da estrela Don Drummond. O trombonista sofria de doença mental, matou a namorada, foi preso e acabou morrendo num sanatório. Abalado, o combo se desfez mas seus integrantes continuariam tocando em projetos paralelos até finalmente voltarem como banda em 1983.

Com forte influência do jazz, o saxofonista nascido em Cuba e ícone da música jamaicana Tommy McCook foi um dos mentores musicais do Skatalites e coube a ele o papel de assinar ‘Top Secret’ em 1969. Ao seu lado, tinha nada menos que mais quatro ex-integrantes do Skatalites, uma ‘cozinha’ completa, com o baterista Lloyd Knibbs, o baixista Lloyd Brevet, o guitarrista Jah Jerry e o pianista Jackie Mittoo. E com um timaço desses o cardápio não poderia ser outro: um banquete de 14 músicas do mais puro e delicioso ska-jazz-rocksteady e algumas músicas que ficariam na história como ‘Big, Bad and Bold’, ‘Sweet Soul Special’ e ‘Mistic Mood’, todas na playlist.

Um dos instrumentistas mais rodados da Jamaica com participações em orquestras e bandas de ska, rocksteady e reggae ao longo de quase 40 anos de carreira, McCook morreu em 1998, aos 71 anos, com seis álbuns solos. 

Veja abaixo McCook em ação com os Skatalites e ainda um trecho da última apresentação da banda no Brasil, em abril agora no Circo Voador, no RJ. No palco, o baterista Lloyd Knibb, o saxofonista Lester Sterling e a cantora Doreen Schaffer da formação original.



Orlando Julius & the Afro Sounders (1973)

‘Orlando Julius & the Afro Sounders’ era até início do ano um disco tão raro que nem próprio autor lembrava que o havia gravado. Sério. Esgotado, fora de catálogo e esquecido até na Nigéria, o LP de 1973 foi relançado em fevereiro nos EUA em mais um projeto do DJ de NY Frank Gossner, o mesmo do super clássico ‘This is Marijata’. Em suas andanças pela costa oeste africana, Frank foi apresentado ao vinil quando estava na casa de um amigo na capital Lagos: ‘E esse, você conhece? Peguei outro dia e nunca tinha visto antes’. 

Nem Frank... Para tirar a dúvida, entrou em contato com o próprio Orlando Julius (depois de Fela Kuti, até hoje a maior estrela da música nigeriana, responsável pela união do highlife local com o soul e funk dos EUA nos anos 60). O problema é que nem o próprio músico lembrava a seção no mítico estúdio de Ginger Baker, ex-baterista do Cream que morou na Nigéria de 1970 a 1976. No fim, entre conversas, ligações e puxando muito pela memória, os dois decidiram relançar o álbum em edição de luxo com disco de vinil, fotos da época e um texto atual escrito por Julius.

Ao contrário do já clássico ‘Super Afro Soul’, de 1966, relançado em  2000 pela Strut Records, ‘Orlando Julius & the Afro Sounders’ é muito mais funk do que soul. A explicação é óbvia: em 1973, Julius já havia passado pela sua fase Motown, tinha acabado de voltar dos EUA que vivia o auge do fenômeno James Brown e pousou diretamente na Nigéria em que reinava Fela Kuti. São apenas seis músicas, gravadas como o que havia de melhor em tecnologia na época e remasterizadas a partir do único vinil que se tem notícia. Vale cada segundo. Altamente recomendado.

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