22.7.11
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País que já revelou artistas do primeiro time da música black mundial como Ali Farka Touré, Salif Keita, Toumani Diabaté e Amadou e Mariam, o Mali agora pode se orgulhar de ter a sua própria Billie Holliday. Ou seria uma nova Nina Simone? Com apenas 41 anos, Oumou Sangare pode ser considerada hoje como a grande voz feminina na costa oeste africana. Seu primeiro disco, ‘Moussolou’, de 1989, vendeu incríveis 250 mil cópias (oficiais) e a transformou na ‘estrela das estrelas’ no Mali e também em símbolo da luta das mulheres africanas com letras inflamadas sobre temas espinhosos como casamento forçado e poligamia. Com status de fenômeno no continente, Oumou foi convidada por Herbie Hancock para participar, em 2010, do álbum ‘The imagine project’, seu primeiro disco após o premiadíssimo ‘River: The Joni letters’, eleito melhor álbum do ano no Grammy de 2007. A malinesa gravou em Paris junto com outros músicos africanos como Tinariwen, Lionel Louke e Konomo nº1.
‘Seya’ é o quinto álbum de Oumou pelo selo britânico World Circuit e traz a cantora cada vez mais à vontade na mistura de instrumentos africanos como o calabash, balafon (precursor do xilofone) e kamalengoni (harpa local de seis cordas), com guitarras, baixo e até violino. As letras continuam quentes, a banda afiadíssima e o resultado é mais um discaço da malinesa.
Para quem mora no Rio de Janeiro e não conhece o som, não perca tempo que ela está escalada para noite do dia 27 de agosto do Festival Back2Black, abrindo para Chaka Khan. Na playlist, ouça seis músicas de ‘Seya’, mais duas da coletânea Oumou, de 2004, e três do disco de estreia, de 1989, 'Moussolou’. No vídeo abaixo ('Noite Africana', no Stade de France, Paris), mais alguns motivos para curtir Oumou Sangare e correr atrás do ingresso para o show imperdível na Leopoldina.
The Shaolin Afronauts - Flight Of The Ancients (2011)
Eles chegaram ao afrobeat através do hip-hop e dos samplers de nomes como Madlib e J.Dilla. No caminho, cruzaram com o jazz de vanguarda de Sun Ra e Pharoah Sanders. Combo australiano de Adelaide formado por onze músicos, todos com menos de 30 anos, o Shaolin Afronauts promete ganhar espaço no mercado mundial com seu chamado ‘afrobeat futurista’, ou pelo menos é assim que eles classificam o primeiro disco, o excelente ‘Flight of the Ancients’.
'A banda é totalmente influenciada por grandes nomes do passado, mas não queremos fazer uma música retrô. Não somos da Nigéria ou de Gana, temos 20 e poucos anos, fazemos um tributo aos músicos que admiramos, mas queremos ir adiante, juntar influências do hip-hop e do jazz', explicou o baixista Ross McHenry, antes do festival Womadelaide, em março, em entrevista à revista australiana Luna (veja aqui como foi o papo).
Oghene Kologbo - Remember Fela Anikulapo Kuti (2007)
A guitarra swingada de Oghene Kologbo aparece em mais de 30 álbuns de Fela Kuti junto com o Africa 70. Braço direito do criador do afrobeat e uma espécie de maestro dentro da banda, o nigeriano de 54 anos hoje radicado na Alemanha fazia parte do grupo de músicos que viajaram com Fela, em 1978, para o festival de jazz de Berlim e nunca mais voltaram a Lagos. Na Europa, Kologbo participou do lendário Roots Anabo, gravou com King Sunny Ade, Brenda Fosse e também com seu companheiro de Africa 70, o baterista Tony Allen (outro que também não usou a passagem de volta para Nigéria e desde então mora em Paris).
‘Remember Fela Anikulapo Kuti’ é um daqueles álbuns obrigatórios, traz Kologbo em plena forma ao lado de uma das melhores bandas black em ação hoje na Europa, a Afrobeat Academy (entre seus músicos está outra lenda do África 70, o percussionista Nicholas Addo-Nettey, o Pax Nicholas, do superclássico ‘Na teef know de road of teef’, relançado recentemente por Frank Gossner). Disco antológico de uma lenda do afrobeat ainda em atividade.