5.5.11
refugee-abayomy-muddywaters
>> playlist
Quando os documentaristas canadenses Banker White e Zach Niles encontraram músicos fazendo reggae, rap e afrobeat da melhor qualidade em um campo de refugiados na República da Guiné, África, sabiam que tinham ali uma grande história. Três anos depois, em 2006, com imagens arrebatadoras e emocionantes lançaram o doc ‘Serra Leoa All Stars – Living like a refugee’, que depois ganharia versão CD, num dos melhores álbuns africanos dos últimos anos, e resultaria em prêmios e shows históricos em Davos, Central Park, Hollywood Bowl e em festivais de jazz como Montreal, Barcelona, Chicago e New Orleans.
Com um som incrivelmente alto astral feito por quem viveu todos os horrores da guerra civil em Serra Leoa e o drama do exílio, os Refugee All Stars hoje têm fãs famosos como Keith Richards, U2, Paul McCartney, Ice Cube, Angelina Jolie, Oprah Winfrey e Aerosmith. Foi com Steve Tyler e cia, aliás, que o grupo dividiu vários shows nos EUA após gravar ‘Give Peace a Chance’ para o álbum tributo a John Lennon da Anistia Internacional, de 2007, com dinheiro revertido para Darfur.
Serra Leoa atualmente vive em relativa tranqüilidade. Foram onze anos de guerra entre governo e rebeldes com mais de 50 mil mortos, cerca de 500 mil refugiados e milhares de mutilados. Depois do turbilhão de viagens, gravações, festivais, os seis músicos da banda voltaram a morar na capital Freetown, mas rodam o mundo fazendo shows. Em 2011, o grupo lançou seu segundo disco e está em turnê até o final do ano pelos EUA.
Para ir mais fundo no assunto vale assistir ‘Diamante de Sangue’, com Leonardo Di Caprio, ou ler ‘Muito longe de casa - Memória de um Menino Soldado’, do sobrevivente Ishmael Beah. Abaixo trecho do documentário ‘Living like a refugee’ e apresentação nos EUA.
Primeiro um showzaço entre amigos no Fela Kuti Day, depois várias apresentações pelo Rio de Janeiro e ainda nesse ano o primeiro e já aguardado álbum de estreia. O que era para ser só uma homenagem ao nigeriano criador do afrobeat em 2009 acabou virando um dos melhores e mais originais projetos de black music em atividade no país. Formada por 13 músicos de grupos badalados com Fino Coletivo, Do Amor e Canastra, liderados por Donatinho, filho do pianista e maestro João Donato, a carioca Abayomy é o primeiro combo de afrobeat brasileiro pós-revolução digital. Clássicos do black president (recentemente personagem de musical estourado na Broadway, ‘Fela’) ainda dominam o setlist das apresentações como ‘Zombie’, ‘Water No Get Enemy’ e ‘Shakara’. Mas a banda vai além incorporando repertório e influências de nomes como Jorge Benjor e Marku Ribas. Quem já viu ao vivo se impressiona com os solos e improvisações dos metais, a percussão e bateria Tony Allen, e os vocais 'em bom africano'. Enquanto não sai o álbum de estreia, escute Rei Malunguinho e Obatalá gravadas ao vivo no Espaço OI Futuro, em Ipanema, no Rio, e o dueto com filho do homem, Sean Kuti, no Oi Novo Som.
O disco ‘unplugged’ de Muddy Waters foi encomenda da gravadora Chess para aproveitar a onda folk que tomou conta dos EUA no início dos anos 60 com nomes como Peter, Paul & Mary e Bob Dylan. Muddy pediu só alguns dias para ir ao Mississipi escolher seus músicos. Voltou com uma seleção do blues. Na bateria, Clifton James, no baixo mestre Willie Dixon, autor de clássicos como ‘You shook me’ e ‘I can´t quit you baby’, e na outra guitarra um jovem até então desconhecido, Buddy Guy. O guitarrista da Louisiana nem era tão novo, tinha na época 28 anos, mas Muddy, aos 55, e Willie, aos 53, já eram estrelas. Os irmãos Chess não levaram fé no garoto; Muddy pediu para que ele respondesse na guitarra.
"Fiquei furioso, quando comecei a tocar eles me olharam espantados, diziam que eu estava mentindo a idade, não sabiam que aquelas músicas faziam parte da minha vida desde menino", lembrou Buddy Guy em entrevista recente.
‘Folk Singer’ acabou entrando para história como um dos melhores álbuns da extensa carreira de Muddy Waters. Logo na abertura tem ‘My home is in the Delta’, mais blues impossível, totalmente Chicago. Um som puro, roots, sem enfeites. Clássico.