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28.10.11
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Stone Roses – Second Coming (1994)
Está marcado: dia 29 de junho de 2012, o Stone Roses pisará no palco montado no Heaton Park, em Manchester, para seu primeiro show em 15 anos abrindo uma turnê que deve rodar a Europa, talvez passar pelos EUA e – com muita sorte e dedicação de algum produtor com alma de fã – chegar algum dia ao Brasil. A comoção com a notícia da volta do quarteto ícone da cena ‘madchester’ foi tão grande na Inglaterra que os 220 mil ingressos para as três apresentações, com preços a partir 55 libras, se esgotaram em pouco mais de uma hora. No e-Bay, apareceram lances de até 1milhão de libras por uma entrada.
Da mesma geração de grupos como Charlatans, Inspiral Carpets e Happy Mondays, Ian Brown, John Squire, Gary ‘Mani’ Mounfield e Alan ‘Reni’ Wren lançaram apenas dois discos, o suficiente para virar uma das bandas mais emblemáticas do rock inglês recente. Músicas como ‘She Bangs the Drums’, ‘Fool's Gold’, ‘I Wanna be Adored’, ’Waterfall’ e ‘I am the Resurrection’ viraram verdadeiros hinos da geração pré-Oasis, Verve e Blur no final dos anos 80 e início dos 90.
Ao mesmo tempo altamente dançante e viajante, o álbum de estreia - 'Stone Roses', de 1989 - enfileira petardos do início ao fim com uma mistura irresistível de rock psicodélico com pegada eletrônica que antecipou o movimento britpop da década de 90.
Já ‘Second Coming’, de 1994, foi injustamente taxado na época de decepcionante, talvez pela enorme expectativa após cinco anos de espera pelo segundo disco. Mas se não emplacou nenhum grande hit, tem faixas inspiradíssimas com a guitarra do genial John Squire mais solta, pesada e ao mesmo tempo mantendo o groove do primeiro álbum. Ouça na playlist ‘Driving South’, ‘Straight to the man’, ‘Good Times’, ‘Beggin You’ e abrindo ‘Break into heaven’, primeira do disco com seus mais de 11 minutos, da introdução lentinha até os solos com toque de Led Zeppelin no fim. Ao vivo, tenho certeza, vai lavar a alma dos fãs (tem na lista também as clássicas do disco de estreia).
Separado desde 96, o quarteto não confirmou se está preparando um terceiro álbum, mas deve apresentar faixas inéditas já nos shows de Manchester. Nos últimos anos, o baixista Mani tocou com o grupo Primal Scream, o vocalista Ian Brown lançou, 'My Way', em 2009, e o guitarrista John Squire, ‘Marshall's House’, em 2004. Que bang the drums!
Veja abaixo vídeo com os melhores momentos da coletiva que anunciou a volta do grupo, 'Waterfall' no programa de Tony Wilson, e Ian Brown cantando 'I wanna be Adored', na Escócia, em 2008.
Tom Waits – Bad as Me (2011)
Depois de tocar e cantar anos com Mick Jagger que não podia ter ‘satisfaction’, Keith Richards aparece no novo disco de Tom Waits, o recém-lançado ‘Bad as Me’, em duas músicas: ‘Last Leaf’, um dueto histórico ‘fim de noite clima balcão de bar’, e em ‘Satisfied’, uma das melhores faixas do álbum com letra que é quase uma homenagem atualizada ao clássico roqueiro: ‘I said I will have satisfaction / I will be satisfied /Before I’m gone’. E é nesse clima meio irônico-cafajeste da parceria com o Stone que Tom Waits faz mais um disco de inéditas, o primeiro desde ‘Real Gone’, de 2004, obrigatório para os fãs e no nível dos seus melhores trabalhos dos anos 80.
Além de Richards, ‘Bad as Me’ conta pelo menos mais quatro participações especialíssimas, duas em família: o filho Casey Waits, tocando bateria, percussão e banjo, e a mulher Kathleen Brennan, que divide composição e produção de todas as treze faixas do álbum. Estão lá também o guitarrista Marc Ribot, parceiro no clássico ‘Rain Dogs’ e o baixista Flea, do Red Hot, em ‘Raised Right Men’.
Com atmosfera freak-circense-cinematográfica de sempre, ‘Bad as Me’ faz bonito nas experimentações percussivas com Waits caprichando acima da média nas letras e arranjos. Mais uma bola dentro em uma discografia que já acumula 27 álbums ao longo de quase 40 anos de uma carreira sólida (seu disco de estreia, ‘Closing Time, é de 1973). Os melhores momentos de ‘Bad as Me’ são a acelerada ‘Chicago’, que abre o disco, a rockabilly ‘Kiss Me’, e ‘New Years Eve’, que fecha o disco com o acordeão marca registrada de Waits.
Vídeo abaixo mostra encontro de Tom Waits com Keith Richards e Ron Wood no projeto 'The Ghost of Tom Waits'.
The Good Ones - Kigali Y' Izahabu (2010)
Guitarrista e produtor de discos estourados como o recém lançado ’Tassili’, do Tinariwen, e ‘Rain Machine’, estreia solo de Kyp Malone, do TV on the Radio, Ian Brennan ouviu mais de 100 bandas durante sua passagem por Ruanda até chegar ao trio The Good Ones. E o encontro que aconteceu meio por acaso após dica de um músico local ganhou ares surreais.
‘Parecia cena de filme, dois homens vindo com uma guitarra do meio das sombras. Eles tocaram ‘Sara’ e em 30 segundos já tinham me conquistado’, lembra Brennan, no site da Dead Oceans, gravadora especializada em rock que abriu exceção no seu catálogo para ‘Kigali Y' Izahabu’, lançado em 2010. O disco ganhou quatro estrelas na revista Mojo e virou uma das grandes surpresas do ano.
Quando ouviu os Good Ones pela primeira vez, Brennan já estava na capital Kigali em Ruanda havia duas semanas. Sua missão era descobrir talentos em um país devastado por anos de guerra civil. Até então, o mais perto que ele havia chegado foram bandas pouco empolgantes de hip-hop e soul. ‘Era tudo muito comercial. Foi um músico que eu havia achado ‘ok’ que me falou sobre os Good Ones, que eu tinha que ouvi-los... e ele estava certo’, conta.
O disco ‘Kigali Y' Izahabu’ foi gravado em uma noite em um estúdio improvisado com apenas duas guitarras, sendo uma delas emprestada e outra com quatro cordas fazendo papel de baixo. Entre as influências do trio Adrien Kazigira, 47 anos, Stany Hitimana, também 47, e Jeanvier Havugimana, 38, todos sobreviventes do genocídio em Ruanda, estão Bob Marley, Santana e bandas de ‘zouk’ caribenho.
‘As músicas são escritas em um dialeto que nem todos em Ruanda entendem. Quando vimos a primeira transcrição ficou tudo melhor ainda, é extremamente poético’.
Veja abaixo o clipe oficial de ‘Sara’ com imagens de Ruanda.
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