30.9.11

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Ry Cooder – Pull up some dust and sit down (2011)

Ry Cooder começou carreira nos anos 60 tocando blues com Taj Mahal, participou de gravações clássicas do rock, como ‘Let it Bleed e’ Sticky Fingers’, com os Stones, produziu trilhas para filmes como ‘Paris, Texas’ e ‘Crossroads', ganhou três prêmios Grammy e foi número 8 na lista da Rolling Stone dos melhores guitarristas de todos os tempos em 2009 (à frente de nomes como Jimmy Page e Keith Richards). Mas não adianta: nada se compara à projeção internacional que ele ganhou em 1997 à frente do projeto ‘Buena Vista Social Club’ – disco que depois viraria documentário de Wim Wenders e entraria na história como um dos maiores fenômenos da world music.


Depois da parceria com mestres cubanos como Compay Segundo, Ibrahim Ferrer e Rubén González, Ry Cooder não parou, mas está longe de ser uma estrela ou freqüentar as páginas de jornais e sites. Isso até lançar em agosto ‘Pull up some dust and sit down’. O álbum de 14 músicas passeia por todo arsenal musical de Cooder com toques de blues, country e rock, estilos que o consagraram no início da sua trajetória como guitarrista. É acima de tudo um disco de protesto - irônico e sofisticado - contra a economia, a política anti-imigração e a falta de oportunidades nos EUA. Cooder chega ao ponto de pedir ‘John Lee Hooker for president’. A plataforma? ‘One bourbon, one scotch, one beer/Three times a day’. Claro, não vai repetir o sucesso do ‘Buena Vista’, mas já é muito bom ver Cooder de novo nos cadernos de cultura e seu disco com cotações entre 'muito bom' e 'ótimo'.

Veja abaixo o guitarrista de LA em três tempos: com Ali Farka Touré (quando ganhou um de seus três prêmios Grammy), no Buena Vista e no clipe de ‘Pull Up’, um clipe-doc-manifesto-petardo-rock'n'roll. 


 


Polar Bear – Peepers (2010)

O quinteto Polar Bear extrapolou os limites do jazz experimental para virar hoje uma das bandas instrumentais mais faladas - e elogiadas – do Reino Unido. Liderado pelo baterista e compositor Sebastian Rochford (que chegou a ser cotado para ser novo parceiro de Pete Dohery, ex-Libertines, e chama atenção de cara pela enorme cabeleira black), o grupo formado na Escócia tem apenas oito anos de vida, mas já acumula quatro discos e indicações para prêmios britânicos de peso, como os da BBC, da revista Jazzwise e o Mercury.

Lançado em 2010, ‘Peppers’ abre com ‘Happy for you’ e vai ganhando peso ao longo de suas doze faixas até aterrissar no clima sombrio de ‘The love didn’t go anywhere’. A facilidade para variar atmosferas e passear por ritmos como jazz, funk e até drum'n'bass é uma das características marcantes da banda. Veja no vídeo abaixo o Polar Bear no ‘Late show with Jools Holland’. Detalhe para a formação pouco usual com dois saxofones tenores à frente no palco (Pete Wareham e Mark Lockheart). O baixo é de Tom Herbert e as batidas e texturas eletrônicas ficam com Leafcutter John. Gosta de Bad Plus? Polar Bear segue a mesma trilha. Se der, ouça com fone.


Orchestra Baobab – Made in Dakar (2007)

Quase quinze anos sem gravar fizeram o guitarrista e líder da Orchestra Baobab ficar tão enferrujado que ele chegou a pensar em desistir. Isso depois de duas décadas à frente da melhor banda instrumental do Senegal e uma das mais famosas da África ocidental durante os anos 70 e 80. 'Achei que não fosse conseguir, meus dedos simplesmente não acompanhavam', lembrou o togolês Barthelemy Attisso ao lançar ‘Specialist in All Styles’, em 2002, o Buena Vista Social Club da África.

Com influências que variam de Hendrix e Cream a Beatles e Ray Charles, Attisso liderou a Baobab até 1987. A banda havia sobrevivido, em 1979, ao fechamento do Baobab, em Dakar, clube homônimo que batizou o combo e foi uma segunda casa para seus músicos. Mas o sucesso do Mbalax, ritmo que tomou o Senegal em meados dos anos 80 e do qual o hoje popstar Youssou N'Dour era uma das estrelas, acabou sendo fulminante. ‘Decidimos não seguir a moda’, admitiu Attisso. ‘Isso significou o nosso declínio gradual, mas aceitamos para proteger nossa originalidade’.

Por ironia, o próprio Youssou N'Dour acabou virando nos anos 90 um dos grandes incentivadores da volta da Baobab. Outro que comprou a ideia de tirar a banda do ostracismo foi o produtor Nick Gold, da gravadora World Circuit, um dos mentores do Buena Vista em parceria com Ry Cooder. Gold já havia tentado resgatar a Baobab, em 1989, ao reeditar ‘Pirates Choice’, de 1982. Não deu certo. Em 2001, repetiu a dose com canções extras e dessa vez o disco explodiu rendendo convite para uma apresentação histórica no Barbican, em Londres. De lá para cá, a Baobab não parou mais.

Lançado em 2007, ‘Made in Dakar’ é o terceiro disco dessa segunda fase. Com participação especial de Santana no clássico da Baobab ‘Nijaay’, a banda continua fazendo um som eclético com forte influência da salsa, rumba e ritmos caribenhos. Mas os melhores momentos do álbum são os solos de guitarra e sax com pegada jazz ou quando a percussão acelera chegando próximo ao ska jamaicano. É aí que a Baobab vai fundo no groove provando que ainda é uma das melhores orquestras não só da África como do mundo. Tire a prova abaixo no documentário ‘Trey and Dave go to Africa’, exibido em 2003, no VH1 (Dave no caso é Dave Matthews). Na playlist, vai direto em Nijaay, com Santana. 

 

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