30.3.12
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Maceo Parker - Roots
Revisited (1990)
Programão imperdível para os fãs do soul-funk de James Brown
que curtem um bailão instrumental de altíssimo nível no palco. Depois de trazer
o fenômeno Sharon Jones junto com os Dap-Kings e o excepcional Wayne Shorter, em
2012, o BMW Jazz Festival confirmou a vinda do saxofonista dos JBs, Maceo
Parker, para apresentação, (somente) em SP, em junho, ao lado dos
parceiríssimos Fred Wesley e Pee Wee Ellis. Idolatrado por seus solos em
petardos black de James Brown, como ‘Papa's Got a Brand New Bag’ e ‘Cold
Sweat’, Maceo Parker teve passagens arrasadoras também pelas bandas dos mitos
George Clinton e Bootsy Collins antes de iniciar uma sólida carreira à frente da sua própria banda. Seus primeiros discos solo são do começo dos anos 70, ainda sob
forte influência do som dos JBs. Mais à frente, Parker experimentou com o jazz,
o hip-hop e até cantou relembrando o início da carreira ao lado de Ray Charles.
‘Roots Revisited’ é de 1990 e marca o reencontro do
saxofonista com os mesmos Fred Wesley e Pee Wee Ellis que virão a São Paulo. Outros
destaques da sua discografia são ‘Southern Exposure’, de 1993, de novo com
Wesley e Ellis, ‘Funk Overload’, de 1998, com versões para clássicos de Sly
Stone e Marvin Gaye, e seu último disco, o duplo ‘Roots and grooves’, de 2007,
dividido em dois, o primeiro um tributo a Ray Charles, o segundo batizado de ‘Back
to funk’, em que ele volta aos tempos de JBs e ao soul-funk-groove anos 70. Sonzeira
instrumental da melhor qualidade com altas doses de jazz.
Dirty Beaches –
Badlands (2011)
Meio trilha de cinema, totalmente hipnótico. De cara, o som
do Dirty Beaches causa uma estranheza, mas provoca, tem um pé no passado
e soa moderno, lo-fi, caseiro, de garagem. Primeiro disco oficial do taiwanês
criado no Canadá, Alex Zhang Hungtai, à frente do projeto Dirty Beaches, ‘Badlands’
está recheado de músicas bizarras que cairiam como uma luva em filmes de David
Lynch ou Gus Van Sant. Tem um pouco de Jesus and
Mary Chain, Velvet Underground e até Elvis. Comparado a nomes da cena de NY dos anos 70, como
Suicide, e também a guitarristas rockabilly como Eddie Cochran e Roy Orbison, o
Dirty Beaches começou lançando suas faixas somente em cassete até fechar a
estreia com ‘Badlands’ na gravadora Zoo Music, de San Diego.
Em 2012, seu nome
correu também o mundo do surfe ao ter uma faixa sua incluída no blog do americano
Dane Reynolds, candidato a campeão mundial, como trilha para uma free-session
no México. A sujeira-roqueira-psicodélica-surreal de ‘Badlands’ vale pela
proposta lo-fi, inusitada e bem longe do mainstream. Não é para um dia de sol, nem para
relaxar. Mas provoca.
The Best of the Gerry Mulligan Quartet with
Chet Baker 1952-57 (2012)
Com pouco mais de 20 anos de idade, Gerry Mulligan e Chet
Baker já chamavam atenção no jazz dos anos 50 não só pelo imenso talento no palco como
solistas, mas também fora dele como compositores. Além disso, eram ainda um dos
poucos músicos brancos em um ritmo totalmente dominado pelo talento e groove
dos negros (Mulligan era descendente de irlandeses, e Baker, o James Dean do
jazz).
Antes de sua fase cool, Chet Baker tocou com Charlie Parker no
mesmo posto que já havia sido ocupado por nomes como Dizzie Gillespie e Miles
Davis - e era abertamente elogiado por Bird. Já Mulligan foi um dos músicos
chave na gravação do clássico ‘Birth of the Cool’, de Miles, de 1950. São de
sua autoria, por exemplo, três clássicos do disco, ‘Jeru’, ‘Rocker’ e ‘Venus de
Milo’.
A caixa com cinco CDs ‘The Best of the Gerry Mulligan
Quartet with Chet Baker’ resgata as primeiras sessões da dupla em formato ‘quarteto
sem piano’, de 1952, e o reencontro em 1957, após a prisão de Mulligan por
posse de drogas. O disco tem ainda gravações com a dupla atuando em quintetos e
até em tentetos, ao lado de cracaços como Lee Konitz, Chico Hamilton e Bud
Shank. Outro achado são as faixas gravadas no Festival de Newport. Em 1955, por
exemplo, Mulligan e Baker dividiram o palco com Clifford Brown, Dave Brubeck e
Paul Desmond. Cool jazz de altíssimo nível em uma daquelas caixas para se
guardar na estante, bem à vista, e sacar no final de tarde ou na madrugada.