3.11.12

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Rock psicodélico-filosófico do Amplexos tem afrobeat, dub e funky (Oblogblack no Amplificador do Globo)

Guitarrista da clássica Africa 70, banda de Fela Kuti, Oghene Kologbo veio ao Rio pela primeira vez com Tony Allen, em maio, para show histórico no Circo Voador. Gostou tanto que ficou: circulou por Santa Teresa, gravou com Abayomy, deu aula na Maracatu Brasil, tocou na Maré, Salgueiro, Teatro Odisseia... o nigeriano figuraça aproveitou, deixou saudades e depois voltou para mais shows, ensaios e churrascos. Entre seus muitos contatos aqui no Rio, Kologbo foi um dos primeiros a descobrir o potencial do Amplexos, sexteto de Volta Redonda formado em 2006 que acaba de lançar seu segundo disco, ‘A Música da Alma’, com produção caprichadíssima da dupla Buguinha Dub (Nação Zumbi, Mundo Livre) e Jorge Luiz Almeida, com colaboração de Gustavo Lenza, engenheiro de som de nomes como Racionais, Cidadão Instigado, Mombojó, Romulo Fróes e Céu.


Guitarrista e vocalista do Amplexos, Eduardo Valiante lembra que o encontro com Kologbo foi decisivo para o grupo iniciar uma série de shows nas ruas de Volta Redonda e Rio (veja abaixo apresentação na praia de Ipanema). Ex-morador de Kalakuta, república livre de Fela Kuti, em Lagos, símbolo de resistência contra regime ditatorial nos anos 70, Kologbo confirmou com seu discurso e ações o que o Amplexos já sentia na preparação do álbum.


“Queremos fazer uma música essencialmente espiritual. Começou com nosso contato com a música jamaicana, com o afrobeat, o funk, sons feitos pelo povo, para mover as pessoas de seus lugares, seja através da dança, da transcendência ou mesmo pela busca de um autoconhecimento. A ideia é trazer aquela vibração mesmo, o suor, o sangue no olho, o transe, a alma. Está faltando isso nas bandas de hoje, é tudo muito fofo. A gente tá falando de amor, de Deus, de se conhecer, evoluir e ter um papel no mundo, a música da alma tem esse papel de levantar quem está passivo. Esse disco provocou na gente uma revolução interna sem tamanho, e a ideia agora é devolver ao mundo. É como uma missão para aproximar as pessoas de algo maior”.



Com 10 músicas (sendo três delas do EP ‘Manifesta’, de 2011) ‘A Música da Alma’ transita por todos os principais estilos black-groove, como dub, funky, reggae, ska e afrobeat. Em cada faixa, as tintas carregam mais em um deles. A longa duração em ‘Mistério’ e ‘Making Love’ deixa também espaço para solos psicodélicos que aproximam o Amplexos de bandas como Funkadelic ou mesmo do Africa 70.


“Não somos uma banda de reggae ou afrobeat. Nosso objetivo é trazer essa vibração ancestral, o ritmo, fazer um rock mais hipnótico”.


Sobre Kologbo, só elogios e agradecimentos. Diz aí, Valiante.


“Conhecemos o Kologbo no workshop e ele cismou que queria a gente tocando com ele... E rolou! Foi tudo lindo e muito forte. Ouvimos muito os discos do Fela e Africa 70 para compor e, de repente, ele estava ali, na minha casa, em Volta Redonda, comendo churrasquinho na esquina e mostrando que tudo o que a gente falava fazia sentido. Ele nos estimulou a levar o equipamento para as ruas e tocar para todo tipo de gente”.

 


Vale destacar ainda o belo projeto gráfico da artista Ana Costa com fotos de Marina Coni. Baixe ‘A Música da Alma’, veja fotos e acompanhe agenda no tumblr do Amplexos.

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