10.11.12
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Quatro shows imperdíveis no Leblon Jazz Festival (Oblogblack no Amplificador do Globo)
Ano de gala para música instrumental no Brasil. Orfãos do Free Jazz e Tim Festival viram shows antológicos de figurões da velha guarda e revelações em eventos de altíssimo nível como Bourbon Festival Paraty, Rio das Ostras Jazz and Blues e o BMW Jazz Festival. Agora, chegou a vez do Leblon Jazz Festival apresentar seleção certeira com algumas das principais bandas e orquestras que despontaram no país nos últimos anos. Amplificador selecionou quatro shows imperdíveis, todos amanhã (sábado, 10), de graça, no palco da Dias Ferreira, com direito a lounge e bares espalhados pela rua. Para quem gosta de jazz, afrobeat e grooves em geral, pode anotar na agenda que não tem programa melhor.
O Leblon Jazz Festival chega à sua sexta edição com aquela que é talvez sua escalação mais roots, totalmente dedicada aos sons instrumentais. Tá certo, ficou desfalcado de última hora do gênio do ethio-jazz Mulatu Astatke (que está praticamente certo para edição extra de verão, em janeiro), mas mesmo assim sobram motivos para colocar o evento entre os principais do calendário jazzístico da cidade.
A programação começou ontem com show do pianista Gilson Peranzzetta, no Vizta, e segue hoje, às 22h, com Dino Rangel (guitarra) e Marcel Powell (violão), no Esch Café. Amanhã, serão sete shows na Dias Ferreira, começando às 13h, com Monte Alegre Hot Street Jazz Band liderando cortejo pela rua até o palco; e termina com Ed Motta tocando seus dois álbuns instrumentais, ‘Dwitza’, de 2002, e ‘Aystelum’, de 2005. No dia 24, o festival estreia em Niterói com mais seis atrações (destaque para o Fino Coletivo). Veja aqui programação completa e acompanhe no Facebook as últimas atualizações.
Selecionamos quatro grupos para ficar de olho, dois deles de Minas que estreiam no Rio. Abaixo, nossa conversa com as bandas sobre trajetória, influências, planos e... sons, só groove de primeira.
14h30 – Dibigode (MG)
“Nossa proposta sempre foi fazer música instrumental autoral, da maneira mais livre possível, sem pré-determinações, sem pressa, sem pretensão, sempre dibigode (de bobeira). Escutamos de tudo, depende do momento pessoal de cada músico, o que cada um está buscando com o seu instrumento e o que tem pesquisado. Nossas influências vão do rock ao maracatu, passando pelo indie e jazz. Essa é a primeira vez que vamos nos apresentar no Rio. A cidade é um dos maiores símbolos da identidade musical brasileira e tem muitos grupos que gostamos. Vamos tocar músicas do nosso primeiro álbum (‘Naturais e Idênticos ao Natural de Pimentas da Jamaica e Preta’, de 2011), algumas composições novas e uma pitada de Ataulfo Alves. Nosso álbum, aliás, não tem um CD físico, e sim um livro conceitual de 60 páginas que faz diálogo direto com vários vídeos disponibilizados no site. A ideia foi oferecer uma nova maneira de se experimentar música. Sobre Ataulfo Alves, recentemente fomos convidados a participar do Compositores.br para fazer uma releitura do sambista mineiro. O resultado foi tão bom que pretendemos agora gravar o material e talvez lançar em 2013".
16h: Bondesom (RJ)
“O Bondesom iniciou em 2002 com projeto entre amigos de amigos. O primeiro show foi na PUC, em um palco alternativo em cima de um ‘caminhão cultural’. Meses depois, tocamos no Fórum Social Mundial em Porto Alegre. Nesses dez anos, passamos pelo Circo Voador, Fundição Progresso, Rival, além de BH e interior do RJ e MG. Temos dois discos lançados pelo selo Bolacha Discos: ‘Bondesom’, de 2008, e ‘Procurando Lola’, de 2012. No show, vamos apresentar músicas dos dois discos mais versões nossas para o tema de Mário Bros e de Blackbird, dos Beatles, em clima sertão. Nosso som passeia pelos ritmos brasileiros, afrolatinos, jazz e funk. Já temos cinco músicas novas para o terceiro álbum. O plano é gravar no verão e lançar no inverno de 2013. Não é fácil manter uma banda na ativa por uma década, ainda mais instrumental, tanto que já tivemos várias formações. O grupo passa agora por um momento de transformação. Sentimos que está surgindo uma sonoridade diferente apontando mais para o groove”.
17h30 – Iconili (MG)
"Começamos em 2006 influenciados por outros sons e bem mais descompromissados. Era mais uma conversa entre instrumentos, no começo só duas guitarras e teclado. Não saiam músicas, mas sim texturas à la Pink Floyd. Após um longo tempo tocando com 5 músicos, a banda lançou um EP virtual, ‘Iconili’, pelo selo Serrassônica, de BH. Essa formação foi a base para a configuração atual, com 11 integrantes, que tem um naipe de percussão e outro de metais. Nossa proposta é juntar música popular brasileira e africana, misturando com influências de jazz, rock e funk. Lançamos um primeiro single, ‘O rei de Tupanga’, e estamos preparando agora um novo EP. Depois do Leblon Jazz Festival, tocamos no Sesc Pompeia, em SP, e voltamos pra BH para finalizar o disco”.
19h – Afrojazz (RJ)
“A banda nasceu da mistura de várias influências de diversas partes do mundo, sempre com a temática afro-brasileira. Usamos trompete e sax como nos combos tradicionais de jazz, mas também a guitarra elétrica do rock e do afrobeat, e percussão e bateria que trazem os toques ancestrais. Tem um pouco de Moacir Santos, Tom Jobim, João Donato, Hermeto Pascoal e Edu Lobo, além de influências estrangeiras, como Mulatu Astatke, Mongo Santa Maria e Ghanaba. Nosso disco deve sair até dezembro. Para o Leblon Jazz, preparamos um show para interagir com o público baseado em grooves e improvisações jazzísticas e africanas”.