9.12.12
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Cadu Tenório: show para 'exigir do cérebro' no Novas Frequências (Oblogblack no Amplificador do Globo)
Cabeça por trás de projetos já bastante elogiados no exterior como Sobre a Máquina (que acaba de lançar seu quarto disco), Victim! e Gruta, Cadu Tenório montou uma nova banda que fará show inédito (condição para o Novas Frequências), passando por todos seus projetos, inclusive os que nunca foram apresentados ao vivo, como o Santa Rosa’s Family Tree e Ceticências.
Sempre com um gravador na mochila, Cadu explica que busca referências na sonoridade do cotidiano, mas prioriza sempre o 'clima'.
“É o mais importante em qualquer manifestação artística. Talvez tenha sido o que me atraiu mais nos filmes de Tarkovsky e Kubrick, ou nos thrillers e filmes de terror que mais gosto, ou nos quadros de Dumas, Schiele Samori, Beksinski, Bacon. O que me toca é o clima atingido ou influenciado pelas coisas, mesmo que o grande ponto para atingi-lo seja o silêncio”.
Sonzeira caótica, música cabeça, rock eletrônico, entenda como for, o fato é que existem novas bandas trilhando um caminho alternativo e experimental dentro da música brasileira. E o Novas Frequências é o lugar para se conhecer essas bandas. Como os ingressos do festival já estão esgotados, a dica é assistir à transmissão ao vivo na página oficial ou tentar ingresso de última hora na porta do Oi Futuro de Ipanema. E ficar ligado na programação de casas como Plano B, Audio Rebel e Comuna.
Para entender o ‘clima’ de Cadu Tenório, ouça abaixo músicas do recém-lançado ‘Sobre a Máquina’. Na sequência, ele fala sobre experimentações, novas bandas e tendências. No fim, tem clipe.
Como é seu processo de composição?
Tento reproduzir climas ou captá-los diretamente de seus ambientes de origem. E manipulo esse material bruto para explicitar certas emoções com o uso de outros elementos. Eu lido com emoções e é aí que entra também o improviso. Embora eu monte as peças vagarosamente, buscando sonoridades, acrescentando e retirando, dando forma, procuro trabalhar boa parte dos elementos partindo dessa improvisação livre. Trabalho processando boa parte dos sons e algumas vezes os instrumentos acabam não sendo nem reconhecidos pela maioria.
Você é o único brasileiro na programação desse ano, quais outros nomes você destaca na cena eletrônica-experimental do Brasil e no Rio?
A ‘cena experimental’ do Rio (as aspas são do próprio Cadu), não necessariamente eletrônica, tem crescido como unidade por causa dos eventos e das casas em comum. Existe uma interação entre as bandas e acontecem vários shows interessantes com uma boa frequência. Tenho bandas demais para destacar e vou me concentrar mais no Rio. Cito primeiro o Chelpa Ferro, que dispensa apresentações, o Chinese Cookie Poets, que conta com uma formação de músicos surreais, além de Duplexx, Insone (foto abaixo) e o Fernando Torres, do Plano B, um dinossauro na seara do experimentalismo mas que eu continuo sempre descobrindo seus trabalhos.
Tem ainda Negro Léo, que embora trabalhe com canções tem feito colaborações bastante experimentais ao vivo, o DEDO, grupo multimídia que tem chamado bastante a minha atenção, e mais Gustavo Jobim, que toca com o Zumbi do Mato, mas tem produzido incessantemente, JP Caron, que também tem trabalhos muito legais, o Sávio de Queiroz, com quem pretendo tocar, o Henrique Iwao e o pessoal do Ibrasotope, o Gimu, que trabalha incessantemente, o pessoal do 1/2 Vida, um selo interessante lá do Sul que surgiu esse ano, o Mnemosine 5, pessoal que lida com improvisação em São Paulo, a galera do Mansarda, Bodes, Guilherme Henrique, do Afro Hooligans, Mario Brandalise, do Yersiniose, meu grande amigo Thiago Miazzo, e por aí vai... Muita coisa tem sido feita e pesquisando alguns desses nomes você acha mais um monte de projetos, fora os que eu não conheço, tem muito mais gente.
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