14.10.11
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The Dave Brubeck Quartet - Time Out (1959)
Dave Brubeck é daqueles nomes polêmicos no jazz. Quando o álbum 'Time Out' explodiu nos EUA puxado pelos clássicos 'Take Five' e 'Blue Rondo a la Turk', não teve jeito: os puristas não engoliram o sucesso estrondoso do grupo mais pop do chamado ’west coast jazz’, um estilo mais lento - ‘cool' - que o hardbop que fazia sucesso em Chicago e Nova York. Começava de novo a velha briga entre conseguir atingir um grande público e ao mesmo tempo não deixar de ser inovador.
Pois é exatamente nesse ponto que está a maior qualidade do quarteto da Califórnia formado por Dave Brubeck, Paul Desmond, Eugene Wright e Joe Morello: o grupo chegou ao posto de nº 2 da Billboard em 1961 com um disco cheio de experimentações. Os dois hits do álbum são exatamente as faixas mais vanguarda ao abdicar do tradicional compasso 4/4 do jazz chegando ao desafiador 5/4 de ‘Take Five’ e ao novíssimo 9/8 misturando blues, clássico e até folk africano e turco em ‘Blue Rondo’.
‘Nunca achávamos que 'Take Five' viraria um hit, na verdade, no início era para ser só um solo do Joe Morello’, conta Paul Desmond no encarte do vinil reproduzido depois na arte do CD.
Em 2009, a gravadora de Dave Brubeck, Columbia/Sony, lembrou os 50 anos do disco relançando ‘Time Out’ acompanhado de um DVD com os bastidores das gravações e um CD bônus com oito músicas em versões inéditas do Festival de Newport de 1961, 1963 e 1964.
(Mais dois discaços do mesmo ano também mereceram comemoração com edições especiais para colecionadores: ‘Sketches of Spain’, de Mlies Davis, e ‘Mingus Ah Um’, de Charles Mingus).
Veja abaixo o quarteto tocando ‘Take Five’ e depois documentário da BBC sobre o ‘cool jazz’ com Brubeck falando sobre ‘Time Out’ ainda em fase de gravação; o vídeo traz ainda imagens incríveis do pintor Jackson Pollock e de surfistas na Califórnia em ação com um improvável solo de jazz ao fundo.
Luiz Gonzaga – 50 anos de chão (1996)
Nascido em uma fazenda na pequena Exu, no sertão de Pernambuco, Luiz Gonzaga inventou o casamento da sanfona com a zabumba e o triângulo, virou o Rei do Baião e entrou para história como um dos maiores artistas da música popular brasileira. Gonzagão compôs ao longo de mais de 40 anos de carreira uma lista interminável de clássicos ao lado dos parceiros Humberto Teixeira e Zé Dantas (‘Respeita Januário’, ‘O Xote das Meninas’, ‘Forró de Mané Vito’, ‘Vem Morena’) e acima de todos um hino que representa não só o sertanejo nordestino, mas todo o povo brasileiro: ‘Asa Branca’.
Nascido em uma fazenda na pequena Exu, no sertão de Pernambuco, Luiz Gonzaga inventou o casamento da sanfona com a zabumba e o triângulo, virou o Rei do Baião e entrou para história como um dos maiores artistas da música popular brasileira. Gonzagão compôs ao longo de mais de 40 anos de carreira uma lista interminável de clássicos ao lado dos parceiros Humberto Teixeira e Zé Dantas (‘Respeita Januário’, ‘O Xote das Meninas’, ‘Forró de Mané Vito’, ‘Vem Morena’) e acima de todos um hino que representa não só o sertanejo nordestino, mas todo o povo brasileiro: ‘Asa Branca’.
Quando chega a hora de ouvir o bom e velho forrozinho, a sanfona de oito baixos de Luiz Gonzaga é inigualável. Por isso, pode separar espaço na estante para a coletânea '50 anos de chão', lançada em 1996 com gravações originais do mestre Lua em todas suas fases. São três CDs, cobrindo período de 1941 a 1987, e acompanhando um livro com texto de João Máximo recheado de fotos históricas.
Em 2009, Gilberto Gil foi convidado para fazer a trilha do filme ‘Eu, tu, eles’, de Andrucha Waddington. Acabou lançando um disco homônimo também obrigatório só com clássicos de Gonzagão. Algumas dessas músicas estão no DVD ‘Fé na Festa ao vivo’, de 2010. Veja abaixo Gil cantando ‘Respeita Januário’; depoi tem entrevista com o próprio Gonzagão para TV Cultura e para fechar um áudio impagável que traz o Rei do Baião contando causo sobre a sua ‘Karolina com K’ com aquele forrozinho instrumental de raiz no fundo. Dá quase para sentir o cheirinho de terra. Eita... Gênio!
Chicago Afrobeat Project - Move to Silent Unrest (2007)
Com um big band de onze músicos afiados, repertório que dá espaço para longos solos e participação incendiária no palco de dançarinas afro, a Chicago Afrobeat Project faz atualmente um dos shows mais badalados e empolgantes da costa oeste dos EUA. Formada em 2005, a banda tem três discos no currículo e fãs famosos que vão do grupo de vanguarda Tortoise ao baterista ganhador de sete prêmios Grammy Paul Wertico.
‘Move to Silent Unrest’, segundo álbum da banda, foi feito em parceria com o produtor do Tortoise e tem participação de um dos mais festejados guitarristas de jazz da nova geração dos EUA, Bobby Broom. Dez das onze faixas do álbum são instrumentais (a maioria de longa duração) e a nigeriana Ugochi Nwaogwugwu assume o vocal em ‘Media Man’.
Afrobeat está lá no nome, mas a banda gosta de dizer que o ritmo criado por Fela Kuti é só o primeiro ingrediente no caldeirão black para um som com pitadas generosas de jazz, soul, rock e até hip-hop. Enquanto bandas similares como Antibalas e Nomo, ambas de NY, são fortemente influenciadas pelo funk e jazz, a banda da terra do blues opta por um som instrumental impregnado de soul e free-jazz como marca registrada.
Veja abaixo o grupo em ação ao lado das dançarinas da Chicago Muntu Dance Theatre; no vídeo seguinte tem fotos de shows e capas dos discos ao som de 'Media Man'. Esquenta perfeito para o Fela Kuti Day. Aumenta o som.