9.2.12

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The Velvet Underground (1969)
 
Andy Warhol produzindo, a modelo alemã Nico cantando e Lou Reed e John Cage extrapolando os limites da música fazendo uma mistura experimental, vanguardista e acelerada de rock com poesia. O Velvet Underground fez história nos seus dois primeiros álbuns com músicas que virariam hinos como ‘Heroin’, ‘Venus in Furs’, ‘White Light/White Heat’ e ‘Lady Godiva’. Mas a receita começou a desandar logo após a estreia e Warhol e Nico foram as primeira baixas. Depois, em 1968, o Velvet perderia também John Cage, então desafeto de Reed. Terceiro álbum de estúdio da banda de NY, o homônimo ‘The Velvet Underground’ foi lançado em 1969 surpreendendo com uma fórmula totalmente inesperada: letras reflexivas numa levada calma e relaxada. Coincidência ou não para súbita mudança de rumo, o Velvet teve todos seus amplificadores roubados antes da entrar em estúdio. E de novo fez um disco antológico. 

A atitude rock dos tempos de Warhol-Nico-Cage ainda está lá, assim como o clima cool e as letras inspiradas. ‘What Goes On’ e ‘Beginning to See the Light’ são as mais aceleradas, e ‘The Murder Mystery’, com suas colagens de poesias, a mais experimental. Seis das dez faixas são composições de Lou Reed e voltariam anos depois nos seus discos solos, como ‘Candy Says’ e ‘Some Kinda Love’. Outro destaque do álbum é ‘Pale Blue Eyes’, sucesso no Brasil nos anos 90 na voz de Marisa Monte.
 
Os quatro discos de estúdio do Velvet foram relançados nos anos 80. Seus integrantes originais voltariam a tocar juntos na década de 90, mas depois de alguns shows pela Europa e um disco ao vivo duplo com 23 músicas, de 1992, a banda se separou após nova briga entre Cale e Reed. A excelente ‘Some Kinda Love’ abre a playlist que tem ainda mais cinco faixas dos dois primeiros álbuns. Abaixo, a clássica 'Heroin', Paris, 1993.

  

Buddy Guy e Junior Wells – Play the Blues (1972)
 
Está lá nos créditos em letras bem miúdas: produtor, Eric Clapton. Blueseiro de carteirinha e fã de longa data de Buddy Guy, o inglês ex-Yardbirds, Cream e Blind Faith já era um dos maiores guitarristas da música mundial quando convenceu Ahmet Ertegun, o todo poderoso da Atlantic Records, a assinar com o guitarrista de Chicago para um disco ao lado do parceiro Junior Wells, ex-gaitista de Muddy Waters. O encontro Clapton e Ertegun aconteceu em 1970, em Paris, logo após show de Guy e Wells abrindo apresentação dos Rolling Stones. Ali mesmo nos camarins, Ertegun concordou, mas deu sua condição: queria Clapton em pessoa como produtor do álbum. 'God' aceitou e ainda ganhou outro mito da música black como engenheiro de som, Tom Dowd, ex-Coltrane, Mingus e Ray Charles.  As gravações em Miami aconteceram no mesmo ano, mas sob clima conturbado com seguidas divergências entre Clapton e Ertegun. Por causa disso, ‘Play the Blues’ só seria lançado dois anos depois e com duas músicas extras gravadas em nova jam em NY.
 
Faixas como ‘T-Bone Shuffle’, ‘My Baby She Left Me’ e ‘Messing with the Kid’ são uma aula do mais puro blues de Chicago com Guy e Wells, então na casa dos 40 anos, tocando como veteranos e totalmente afiados após centenas de shows juntos. Destaque ainda para os solos de sax de A.C. Reed, para Dr. John no piano e, claro, para Clapton fazendo apoio de luxo como guitarra base. ‘Play the Blues’ seria depois relançado em 1992 com encarte e faixas extras do material gravado em Miami. Abaixo, Buddy Guy e Clapton juntos em 1969 e 1987.  



 
Tidiani Koné and Orchestre Poly-Rythmo
 
Trompetista e saxofonista dos mais inovadores e importantes da África e fundador da melhor orquestra de afro-cuban-jazz do Mali, a Super Rail Band, Tidiani Koné deixou seu país de origem nos anos 70 para fazer história na mítica Orchestre Poly-Rythmo com seus solos incendiários dando aula de como usar os metais no afro-funk. Koné depois voltaria a morar em Bamako sem participar dos shows concorridíssimos da nova fase da Poly-Rythmo (morreu antes sendo homenageado no disco de 2010, Cotonou Club). 

Nesse álbum raríssimo de apenas duas músicas (vendido em sites de leilão por mais de US$ 200), Koné aparece como band-leader em 20 minutos do mais puro groove. Quem curtiu a excelente coletânea ‘African Scream Contest’, da Analog Africa, vai logo identificar os solos de ‘Djanga Magni’. Mais uma chance para ouvir Tidiani Koné desfilando seu talento com o petardo black em versão estendida. Atenção para cozinha de respeito misturando kora e balafon com guitarra e teclados.


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