9.3.12
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Demorou 70 anos para o clássico russo ‘O Homem com uma
Câmera’ ganhar sua trilha mais grooveada e talvez definitiva. Criada nos anos
90 dentro dos escritórios da Ninja Tunes (Kid Koala, Jaga Jazzist, Herbaliser) pelo
compositor, DJ e multi-instrumentista Jason Swinscoe, a Cinematic Orchestra tinha acabado de lançar seu primeiro álbum,
‘Motion’, em 1999, quando recebeu convite do Festival Internacional de Cinema do
Porto para sonorizar o filme russo de 1929 que deu start ao chamado cinema-verdade. Considerada a película mais famosa de Vertov, diretor preferido de Lênin exatamente por buscar uma
linguagem diferente ao cinema ‘burguês’ do americano DW Griffith, ‘O Homem com
uma Câmera’ acompanha um dia de trabalho
na Rússia só com imagens de pessoas comuns, sem atores ou roteiro. Com cortes, edição e
ângulos modernos até para os padrões de hoje, o filme é
tão ousado que caiu com uma luva no jazz eletrônico da Cinematic Orchestra de Swinscoe e seu som meio soul, meio dark, com tintas de funk, trip-hop e dowbeat.
‘Há ritmo e repetição no filme. E isso é fantástico’, disse Swinscoe
em entrevista à BBC na apresentação do projeto.
O DVD levou quatro anos para ser lançado, mas o resultado é daqueles
raros para se guardar na estante da sala em local à mão bem visível. Para quem gosta de
cinema, documentário e música eletrônica, tudo ao mesmo tempo, um prato cheio. Agradou
tanto que a Cinematic Orchestra (que, aliás, já esteve por aqui duas vezes, no Tim Festival
de 2004, e no Multiplicidade, em 2009) depois saiu em turnê tocando as músicas do filme e acabaria incluindo
algumas delas em seus discos posteriores. O DVD de ‘O Homem com uma Câmera’ traz
ainda trechos do show da orquestra cinemática em Londres, vídeos com participações
especiais de Roots Manuva e Fontella, bastidores dos ensaios e mais
um documentário do Channel 4 com o making of. Veja abaixo trecho do show de 2002, no Cargo, Londres.
Budos Band – Budos Band II (2007)
Batizada primeiro como Barbudos Band, a orquestra de
afrobeat de NY encurtou o nome mas o som chega cada vez mais longe com turnês
de casa cheia pela Europa e elogios de DJs e revistas do mundo inteiro. Por
aqui, tem entre seus fãs a cantora Céu que colocou uma música do segundo disco
da banda entre seus preferidos em uma playlist dos sons que frequentam seu iPod.
A Budos Band tem três discos lançados desde a sua formação, em 2005, todos com o
mesmo nome seguido por numeral romano. Eles classificam seu som como afro-soul, mas
acho pouco... No caldeirão nervoso da Budos Band, hoje um das principais nomes
da gravadora Daptone Records (Sharon Jones, Daktaris, Charles Bradley) tem
também ethio-jazz, tintas de blaxploitation, muito funk old-school e um naipe
de metais para lembrar os melhores momentos do Africa 70 de Fela Kuti.
‘Budos Band II’ (ouça na playlist) mantém o climão retro-afro-groove da estreia
com pegada nervosa e solos hipnóticos. Só ouvindo para entender o poder
contagiante da banda nos discos e principalmente ao vivo. Aliás, tá aí uma
banda que já demorou muito para vir ao Brasil. Mas há esperança: nessa semana, saiu
a confirmação dos shows do Antibalas, também de NY e da mesma Daptone, em SP e no
Abril Pro Rock, em Recife. Com a cena afrobeat pegando fogo nos EUA e Europa –
e com cenário econômico ajudando - a tendência é que mais grupos bombados no
exterior dêem as caras. Abaixo, a Budos Band em ação tocando 'Origin of a Man', a escolhida na playlist da Céu.
Macaco Bong – Artista Igual Pedreiro (2008) e This is Rolê
(2012)
O power trio de Cuiabá Macaco Bong esquenta palhetas e
baquetas liberando uma playlist com pré-gravações e versões cruas de 10 músicas
do seu segundo disco, ‘This is Rolê’, com lançamento previsto para maio. Depois
da estreia avassaladora com a pedrada ‘Artista Igual Pedreiro’, de 2008,
escolhido um dos melhores discos do ano pela ‘Rolling Stone’, a banda acabou
com três anos de jejum sem lançar faixas inéditas em 2011, com o EP 'Verdão Verdinho'. Se o primeiro disco foi todo
instrumental com riffs pesados que lembravam em seus melhores momentos a Jimi Hendrix Experience (ouça na playlist), no EP o Macaco pegou bem mais leve, mas a
trégua pelo visto acabou. A
expectativa para o segundo álbum é de nova pancadaria roqueira com possibilidade de haver vocalistas
convidados em algumas faixas.
Formado em 2004, o Macaco já tocou no SWU e abriu para o System Of a
Down, em SP, em 2011. A nova formação estreou agora em fevereiro, no
Grito Rock de BH, com o set list já incluindo algumas novas faixas de 'This is
Rolê'. Abaixo, 'Amendoim', totalmente Hendrix.