22.11.12

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Não vai ter Mulatu Astake. Nem afrobeat e nem desert-blues. Depois de trazer nomes como Seun Kuti e Tinariwen, e levar o etíope rei do ethio-jazz para apresentação histórica ao lado de Criolo em sua primeira versão londrina, em junho, o Back2Black volta ao Rio para sua quarta edição na belíssima (e sub-utilizada) Estação Lepoldina, com line-up estrangeiro praticamente todo dedicado ao rap-soul-jazz feminino com Lauryn Hill, Missy Elliot, Fatoumata Diwara, Nneka e Santigold como destaques. 

Para os fãs de música africana, a grande atração é o primeiro show no país do compositor, trompetista e ativista social Hugh Masekela, 73 anos, um dos grandes nomes da cultura sul-africana dos últimos 50 anos. Entre os artistas nacionais, a programação traz encontros inéditos, como Martinho da Vila com Riachão, Naná Vasconcellos com Rio Maracatu e Jorge Du Peixe, além de apresentações solo dos sempre excelentes Siba e Emicida - o rapper Renegado e a paraense Dona Onete também certamente farão bons shows (veja aqui programaçãocompleta).

Apesar de não agradar sempre a todos os públicos, o Back2Black continua com o título de maior e melhor evento de música afro-black do país. Além de certeza de ótima música, há também a belíssima cenografia armada para o festival e as palestras que este ano terão novamente curadoria do escritor angolano José Eduardo Agualusa.

Das mais de 20 atrações que passarão pelos dois palcos da Estação Leopoldina, Oblogblack seleciona três que valeriam sozinhos uma ida ao Back2Black. Seguem abaixo trajetória, músicas e vídeos de Hugh Masekela, Fatoumata Diawara e Nneka.

Hugh Masekela – Lenda da música sul-africana com mais de 40 discos no currículo e ativista social engajadíssimo contra o Apartheid, Hugh Masekela fará sua primeira apresentação no Brasil aos 73 anos.  Uma das estrelas da cerimônia de abertura da Copa do Mundo da África do Sul, o ex-marido da também lendária Miriam Makeba (do clássico ‘Pata-Pata’) ganhou seu primeiro trompete de Louis Armstrong e se destaca pela fusão do jazz com os ritmos tradicionais africanos. Vencedor do Grammy, em 1968, com o super hit internacional ‘Grazing in the Grass’, Masekela participou do festival de Monterrey e foi um dos organizadores do ‘Zaire 74’, que levou à África nomes como James Brown, BB King e Spinners como parte dos eventos para  a luta do ´seculo Ali x Foreman. Nos anos 80, ficou conhecido em todo o mundo por seu trabalho ao lado de Paul Simon em ‘Graceland’. Sua música ‘Bring Him Back Home’ foi um dos hinos do movimento anti-Apartheid e pela libertação de Nelson Mandela. Apaixonado pela música brasileira (veja abaixo versão para ‘Mas que nada’, de Jorge Benjor), Masekela promete tocar no Rio seus principais clássicos, além de homenagens a Fela Kuti (‘Lady’) e a Makeba (‘Khawuleza’). Abaixo, Hugh Masekela dividindo palco com Angelique Kidjo, tocando ‘Pata-Pata’, e depois no palco com Paul Simon.



Fatoumata DiawaraA cantora, compositora e guitarrista malinesa é atualmente um dos nomes mais aclamados da música africana na Europa. Destaque na versão londrina do Back2Black, Fatoumata foi atriz durante a adolescência até fugir para a Europa para evitar um casamento arranjado. Em Paris, trabalhou na renomada companhia de teatro Royale de Luxe, onde chamou atenção para sua voz durante um ensaio. Começou a cantar em clubes e cafés parisienses e acabou convidada para gravar como vocalista de apoio da conterrânea Oumou Sangaré, estrela da música do Mali, no disco ‘Seya’, indicado ao Grammy. Fez ainda ‘Red Earth’, com Dee Dee Bridgewater, também indicado ao Grammy. Em ‘Fatou’, seu disco de estreia lançado pelo World Circuit, a cantora e instrumentista nascida em Bamako compôs todas as doze faixas, tocando guitarra, percussão e baixo. Nos últimos anos, Fatoumata participou de turnês ao lado de nomes como Herbie Hancock e com o power-trio 'Rocket Juice and the Moon', do dream-team black Damon Albarn, Tony Allen e Flea. Soul-blues-jazz viciante. 




Nneka – Filha de pai nigeriano e mãe alemã, Nneka faz parte de uma novíssima geração de cantoras nascidas na África que chegaram ao sucesso na Europa com um som grooveado cheio de referências ao funky, reggae, afrobeat e hip-hop. Com história de vida e trajetória semelhante a nomes como Ayo, nascida na Alemanha, mas de origem nigeriana, Jaqee, que se destacou na Suécia, mas é de Uganda, além de Asa, também nigeriana (e da própria Fatoumata), Nneka lançou em 2012 o seu quarto disco, ‘Soul is Heavy’, com letras sobre capitalismo, pobreza e guerra, em inglês e no dialeto igbo. Suas influências variam de Fela Kuti e Bob Marley a Mos Def, Lauryn Hill e Talib Kweli. Veja abaixo o clipe de ‘Suffri’. E vai esquentando que Back2Black é sempre festa. 

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