19.1.13

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Orquestra de Gilma Bolla 8, da Nação Zumbi, Combo X lembra Chico Science com convidados (Oblogblack no Amplificador do Globo)

Quase 20 anos depois do seminal ‘Da Lama ao Caos’ (1994), o bairro de Peixinhos, em Olinda, Pernambuco, está prestes a ver o nascimento oficial de mais um filho ilustre, descendente direto do manguebeat de Chico Science e Fred 04. Estão lá a mesma percussão invocada, os metais pesados e as linhas psicodélicas de guitarra e baixo que ainda fazem história com a Nação Zumbi e o Mundo Livre. Idealizado por Naná Vasconcellos e liderado por Gilmar Bolla 8, percussionista e um dos fundadores da Nação (abaixo, com Chico Science), o Combo X lança amanhã seu primeiro disco, ‘A Ponte’, no Nascedouro de Peixinhos, antigo matadouro e hoje ponto clássico para shows em Recife.



O álbum de doze músicas (veja abaixo clipe de ‘Salve Rei’, homenagem a Chico) conta com participações ilustres que vão do ‘maestro’ Bactéria, ex-Mundo Livre, ao trio Buguinha Dub, BiD e Kassin, dividindo a produção, além de Thalma de Freitas e Marechal reforçando os vocais. Uma seleção do melhor do groove pernambucano com leve tempero carioca para azeitar a mistura.


Criado em 2007, primeiro com o nome de Combo Percussivo, a banda formada por dez integrantes (daí o X) conta com uma orquestra de alfaias, timbais, caixa de bateria, abe e gonguês, ditando o ritmo pesado e marcado que virou assinatura do movimento manguebeat. Já com alguns shows memoráveis no currículo – entre eles, Abril Pro Rock e os carnavais de Olinda, Bezerros, Garanhuns e Cabo de Santo Agostinho – o Combo volta agora sua artilharia percussiva para o cenário nacional e o disco e o clipe servem como cartão de visitas. Antes do show, Amplificador trocou algumas ideias como Gilmar Bolla 8 sobre ‘A Ponte’, influências e a cena independente

Como você define o som do Combo X?
Tem jazz, maracatu, funk, ciranda, rock, coco, dub, frevo, jungle, afoxé e reggae, misturamos tudo.


O disco tem participação do BiD, Bactéria, Buguinha, Kassin, como foi juntar todo mundo e qual a contribuição de cada um no som final?
São meus amigos de vinte anos, Buguinha e Bactéria sempre falaram para eu fazer um CD. Bactéria é o maestro do disco, chamei o BiD para coproduzir junto comigo e mixar a maioria das faixas. Buguinha ficou com ‘Ragga Coco’ e Kassin mixou a música de trabalho ‘Rei Urbano’, que é uma homenagem a Chico. Tem ainda participações dos DJs Soul Slinger, Karlos, Master e Felipe Tichauer, além de Thalma de Freitas na música ‘São José’, para Solano Trindade, Flávio Renegado, em ‘Rua do Condor’, onde faço um passeio pelas paisagens e histórias de Peixinhos, e MC Marechal, em ‘Vestido Comestível’, que fala de uma festa no morro.




O som tem muita percussão, mas também efeitos eletrônicos, dub, uma textura psicodélica. Chico Science e Nação são as principais referências? Quais outras?
Só ouvi falar em psicodelia quando fiz o ‘Da Lama ao Caos’. Todos os críticos de música na época falaram que era psicodélico. Minhas referências são Mutantes, Hendrix, Beatles, Gilberto Gil, Mundo Livre e Luiz Gonzaga.


Como está hoje a cena de Recife com essa mistura de tradição com modernidade sempre muito presente no som pernambucano?
Desde os anos 90 que as bandas de Recife misturam ritmos regionais com elementos da música universal. E sempre as bandas estão gravando, produzindo, criando. Tem muitos festivais que ajudam a cena se reciclar, Coquetel Molotov, Rec Beat, Abril Pro Rock, Agosto Cultural. Pernambuco lança em média 60 discos por ano.


O que tem ouvido de dentro e de fora do Brasil?
Antipop Consortium, Fela Kuti, Beastie Boys, Os Lambas, de Angola, outras bandas de Kuduro, Lucas Santtana, Bezerra da Silva, Mundo Livre e sempre muito frevo.


O Combo X tem projeto para sair em turnê pelo país nos próximos meses, mas ainda não definiu datas nem locais. Para saber mais sobre a banda, siga as atualizações com notícias, fotos e vídeos no Facebook. Vale ainda um confere no site (abaixo, texto de apresentação). Pode ter certeza, vem som muuuuito bom por aí. Salve Chico! Salve Pernambuco!



"Combo X é outra dessas invenções destinadas a causar espanto. Como? Mais um produto do eixo Recife-Olinda? Essa “onda” não passa nunca? É, meu amigo, chegou outro disco com aquelas qualidades que fizeram e fazem o bom nome da música pernambucana contemporânea. Tem a riqueza rítmica, tem a competência na execução, tem os arranjos que permitem a cada instrumento respirar e, sobretudo, encontramos novamente uma produção de primeira, assinada aqui pelo grande maestro Bactéria, craque na arte da mixagem, da timbragem e de outras artimanhas de estúdio. Firme no leme, o comandante Gilmar Bolla 8 possui motivos de sobra para ficar satisfeito com o resultado da viagem. Porque, entre outras coisas, e a gente sabe o quanto isso conta pra ele, esse é um disco que deixaria orgulhoso um velho amigo seu dos tempos da Emprel. O cientista dos ritmos não está mais entre nós, mas o Combo X segue firme para mostrar que o beat perfeito pode muito bem se encontrar em Peixinhos".



 
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